Uma ilustração artística retrata um caça NGAD de sexta geração - Mike Tsukamoto/equipe; Boeing

A Força Aérea dos EUA está revisando o projeto do Next-Generation Air Dominance (NGAD), o caça de próxima geração projetado para garantir superioridade aérea no futuro. O secretário da Força Aérea, Frank Kendall, pausou o programa em 2024, citando a necessidade de reavaliar se o conceito atual atende às rápidas mudanças das ameaças globais, custos elevados e avanços tecnológicos, como o uso de aeronaves autônomas. O NGAD, com custos estimados em US$ 300 milhões por unidade, enfrenta um momento crítico de decisão.

Kendall montou um painel de especialistas, incluindo antigos chefes da Força Aérea, para revisar as opções antes de dezembro de 2024, prazo para integrar a decisão ao orçamento fiscal de 2026. Apesar de especulações sobre o abandono do programa tripulado, Kendall assegurou que a missão de superioridade aérea continua essencial, mas que os requisitos do NGAD, definidos há anos, podem estar desatualizados.

O programa enfrenta desafios financeiros devido ao teto de gastos imposto pelo Fiscal Responsibility Act de 2023 e ao aumento dos custos de outros projetos prioritários, como o bombardeiro B-21 e o míssil intercontinental Sentinel. A Força Aérea precisa equilibrar capacidades e custos, como exemplificado pelo dilema entre um NGAD a US$ 200 milhões ou múltiplas aeronaves F-35 e CCAs (autonomous Collaborative Combat Aircraft).

Kendall defendeu a redução de custos do NGAD, idealmente abaixo do preço de um F-35 (US$ 80 milhões), por meio de opções como diminuir o tamanho da aeronave, reduzir sua carga útil ou delegar funções a plataformas autônomas. Entretanto, esses ajustes podem gerar novos desafios, como a necessidade de tanques aéreos furtivos para aumentar o alcance da aeronave.

Os CCAs, que compartilham o orçamento do NGAD, podem desempenhar papéis críticos, como suporte eletrônico e transporte de armas. Isso permite que o NGAD se concentre em missões de alta prioridade. No entanto, com custos de aproximadamente US$ 27 milhões por CCA e a necessidade de vários deles em cada missão, os custos totais ainda permanecem altos.

A possibilidade de substituir o caça tripulado por uma versão autônoma é uma ideia viável graças aos avanços tecnológicos. Embora não fosse prática quando o programa começou, agora pode oferecer um modelo mais eficiente e menos caro, especialmente em cenários de alta intensidade e longo alcance.

O painel de especialistas está avaliando a capacidade do NGAD de se integrar a uma estratégia mais ampla, considerando também o NGAS (Next Generation Air-refueling System) e os CCAs como prioridades. Kendall destacou que a decisão final deve equilibrar custo, eficácia operacional e quantidade necessária para conflitos de grande escala.

A Força Aérea já gastou US$ 4 bilhões no programa desde 2023, com planos de investir mais US$ 19,6 bilhões até o final da década. Apesar de esforços para reduzir custos, os elementos furtivos e integrados do sistema, como sensores e tanques aéreos, aumentam a complexidade e os custos de sustentação.

O vice-chefe de Estado-Maior, Gen. James C. Slife, destacou que os avanços permitem dividir funções entre diferentes plataformas, como radares em uma aeronave e munições em outra. Essa abordagem pode oferecer uma vantagem competitiva, mas exige uma reavaliação do design tradicional de caças.

A decisão sobre o futuro do NGAD está programada para os próximos meses, com implicações significativas para o orçamento e a estratégia da Força Aérea. Kendall deixou claro que, independentemente do modelo escolhido, o custo elevado continuará sendo o maior desafio, exigindo decisões difíceis sobre prioridades e alocação de recursos.

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