As Operações Aéreas Multinacionais conjuntas, padrão OTAN, seguem um ritmo bem definido, chamado de battle rhythm, que é essencial para a coordenação e a eficácia das operações aéreas entre as diferentes nações participantes.

No contexto dessas operações, a Força Aérea Componente (Force Air Component ou FAC) desempenha um papel central, coordenando e controlando as atividades aéreas de maneira integrada para cumprir os objetivos estratégicos da missão.

O dia começa com o daily briefing, uma reunião de atualização às 08:00h em que são repassados os eventos e status do dia anterior, previsões meteorológicas, relatórios de inteligência e quaisquer ocorrências que possam impactar as operações. A partir dessas informações, o Comando Aéreo tem uma visão completa da situação operacional e pode ajustar as operações conforme necessário. Logo após o briefing, a equipe apresenta ao Comandante da FAC a estratégia de operações para o dia, garantindo que todos os objetivos estejam alinhados com a missão geral.

Em seguida, ocorre a reunião de seleção de alvos, na qual representantes das forças aéreas e equipes de inteligência revisam potenciais alvos e objetivos prioritários. Esta etapa é crítica, pois envolve a análise detalhada das condições de combate e das ameaças no campo de batalha, além de considerar possíveis efeitos colaterais e os riscos associados. Com os alvos definidos, inicia-se a elaboração da Air Operations Directive (AOD), ou Diretiva de Operações Aéreas, que documenta as intenções do comando, os objetivos específicos e as diretrizes de execução das missões aéreas.

Uma vez que a AOD é aprovada, a equipe de planejamento da FAC começa a produzir as Air Tasking Orders (ATO), que são as ordens de execução individualizadas para as aeronaves e esquadrões envolvidos na operação. As ATOs detalham as tarefas diárias de cada unidade, incluindo informações sobre horários de decolagem e aterrissagem, rotas de voo, regras de engajamento e orientações sobre reabastecimento aéreo.

Esse ciclo do battle rhythm padrão OTAN, que se repete diariamente, é projetado para maximizar a interoperabilidade e a eficácia das forças aéreas multinacionais. Ao seguir um plano coeso e estruturado, as operações aéreas multinacionais conseguem alinhar os esforços das nações participantes e otimizar a resposta tática no teatro de operações, fortalecendo a capacidade conjunta de dissuasão e defesa.

O Air Tasking Cycle (ATC) é o método que o Comandante da Força Aérea Componente Conjunta utiliza para controlar os ativos aéreos em um teatro de operações. Esse ciclo aloca recursos e designa tarefas para suas unidades subordinadas em apoio às prioridades do comandante da força conjunta (JFC). “O ciclo de tarefas aéreas conjuntas é dependente do tempo, estruturado em períodos definidos para planejar, preparar e conduzir operações aéreas conjuntas.” Existem prazos estabelecidos para a entrada e saída de produtos em cada etapa do ciclo, geralmente dentro de um período de 72 a 96 horas de planejamento.

O ciclo de tarefas aéreas conjuntas é um processo iterativo que consiste em seis etapas sequenciais: coordenação do JFC e de componentes, desenvolvimento de alvos, determinação de armamento e alocação, produção de ATO (Air Tasking Order), execução das forças e avaliação de combate.

Há até cinco ATOs em diferentes estágios de desenvolvimento de planejamento. Durante o processo, o ciclo de tarefas aéreas conjuntas recebe produtos desenvolvidos durante o ciclo de seleção de alvos e outros processos conjuntos, incluindo ciclos de alvos das forças terrestres. O ciclo de seleção de alvos e o ciclo de tarefas aéreas conjuntas são processos sistemáticos que alinham as capacidades e forças disponíveis com alvos específicos para atingir os objetivos do JFC.

O Ciclo de Tarefas Aéreas (ATC) é impulsionado por restrições de tempo, exigindo um gerenciamento intensivo e centralizado de recursos e mão de obra para garantir o apoio ao comandante da força conjunta (JFC).

É necessário tempo para que as equipes de solo preparem as aeronaves para voo (com a munição adequada para o alvo/missão), para que as tripulações planejem as missões e para que essas equipes possam voar até a área de operações, mesmo partindo de bases aéreas distantes. Da mesma forma, os comandantes precisam ter visibilidade das operações futuras para garantir que haja ativos e equipes suficientes para se preparar e executar as missões designadas. Esses requisitos conduzem a execução de um processo de tarefas periódico e repetível, permitindo aos comandantes planejarem as operações futuras. O ciclo típico de tarefas, a ATO (geralmente com duração de 24 horas), e o processo que a desenvolve (normalmente com duração de 44 a 96 horas), são uma consequência direta dessas limitações físicas.

O ciclo do ATC pode, e frequentemente permanece, um processo de tarefas periódico e repetível, seja o ritmo operacional de Operações de Contra-Insurgência (COIN) ou Operações de Combate de Grande Escala (LSCO).

Tempestade no Deserto

Caças F-16C Fighting Falcon e F-1C ​​Mirage da Coalizão, durante a Operação Tempestade no Deserto

O Ciclo de Tarefas Aéreas (ATC) da OTAN tem sido reconhecido como um sistema superior de comando e controle, que possibilita gerenciar o poder aéreo de forma eficaz e eficiente. Os resultados produzidos pelos ATC na Operação Tempestade no Deserto (ODS) durante a Guerra do Golfo em 1991 são um exemplo representativo. Na ODS, o sistema ATO foi utilizado para planejar mais de 2.500 saídas diárias para operações aéreas das forças da coalizão, totalizando mais de 100.000 saídas coordenadas e executadas ao longo de um período de 43 dias.

Como resultado, o ATC aplicado na Operação Tempestade no Deserto foi reconhecido como um sistema eficaz de comando e controle, que permite o gerenciamento de forças para um número massivo de saídas, incluindo aquelas realizadas por forças da coalizão.

FONTE: Joint Air Operations – Joint Publication 3-30

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