Radiação da Starlink faz alvos furtivos brilharem em radar chinês
Uma equipe de cientistas chineses desenvolveu um método inovador para detectar objetos furtivos no radar
Um experimento inédito no Mar do Sul da China pode mudar o futuro da guerra. Utilizando um drone DJI Phantom 4 Pro, do tamanho de um pássaro e com uma seção transversal de radar comparável à de um caça furtivo, a equipe o lançou da costa de Guangdong.
O radar terrestre não emitiu ondas de rádio, mas o drone apareceu na tela. Isso aconteceu porque o drone foi iluminado pelas radiações eletromagnéticas emitidas por um satélite Starlink, sobrevoando as Filipinas, segundo os cientistas. Nenhum outro país demonstrou essa capacidade antes.
Aeronaves furtivas, como os caças F-22 e o F-35 americanos, reduzem a reflexão de ondas eletromagnéticas através de formas geométricas e revestimentos que absorvem essas ondas, dificultando sua detecção por radares.
No entanto, se uma estação de radar puder usar sinais de satélites Starlink, que são fortes e estão presentes em quase todo lugar, suas capacidades de detecção podem não ser afetadas pela forma ou material da superfície do alvo, afirmaram os pesquisadores liderados pelo professor Yi Jianxin, da Universidade de Wuhan.
Além disso, radares militares comuns revelam suas posições ao operar, tornando-se alvos potenciais. O uso de fontes de radiação de terceiros poderia melhorar o disfarce e a resistência a interferências dos sistemas de radar, segundo o estudo.
O experimento foi supervisionado pelo Centro Estadual de Monitoramento de Rádio da China e os resultados foram revisados por pares antes de serem publicados.
Quando uma aeronave passa entre satélites de comunicação e antenas terrestres, ela pode dispersar algumas das ondas eletromagnéticas emitidas pelos satélites, criando pequenas perturbações que os cientistas podem analisar para identificar e rastrear alvos.
A ideia de usar essa dispersão para detectar drones foi inicialmente proposta por cientistas russos em 2015, mas o Starlink não existia na época. Atualmente, a constelação de satélites Starlink tem mais de 6.000 satélites que emitem sinais de rádio de alta frequência para conexões de internet.
Os sinais de satélite de baixa órbita, como os do Starlink, têm vantagens como cobertura em qualquer clima, abrangência regional e baixo custo, o que os torna ideais para combinar com radares ocultos de dispersão.
Embora os sinais da Starlink sejam criptografados e o serviço não esteja disponível para usuários chineses, a equipe de Yi afirma que pode construir um receptor Starlink com componentes acessíveis no mercado de eletrônicos.
Apesar dos desafios para detecção de alvos furtivos, a equipe de Yi aprimorou o modelo de radar de dispersão e desenvolveu um novo algoritmo, além de utilizar um chip de alto desempenho para processar os sinais recebidos.
Embora o experimento tenha sido limitado a drones em baixa altitude e o sistema ainda não esteja pronto para uso militar, o sucesso no rastreamento de movimentos detalhados dos drones confirmou a viabilidade da tecnologia para aplicações futuras.
FONTE: South China Morning Post
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