Painel do Congresso dos EUA pede aumento de gastos com Defesa para enfrentar ameaças de Rússia e China
Um painel bipartidário, encarregado pelo Congresso dos EUA de revisar a estratégia de defesa do país, revelou que a probabilidade de os EUA enfrentarem uma grande guerra é a mais alta em 80 anos, e seus militares não estão preparados para tal conflito.
O relatório de quase 100 páginas destaca uma crise de confiança na segurança nacional americana, criticando o Pentágono por ser lento, o Congresso por ser excessivamente partidário e várias administrações por serem complacentes diante das ameaças da China, Rússia e países do Oriente Médio.
A comissão, que reúne especialistas externos a cada quatro anos para auditar a segurança nacional dos EUA, concluiu seu relatório mais cedo para influenciar a eleição presidencial. Jane Harman, ex-Congressista Democrata da Califórnia e presidente da comissão, enfatizou a necessidade de conscientização pública sobre as ameaças à segurança, que ela descreveu como “alarme piscando em vermelho”.
O relatório argumenta que, enquanto o mundo se torna mais perigoso com adversários dispostos a ir à guerra e mais próximos de serem pares militares dos EUA, o país não se fortaleceu proporcionalmente. Em vez disso, os EUA continuaram com disfunções, incluindo orçamentos pequenos demais, aprovações de gastos tardias e uma preferência por armas legadas em detrimento de novas tecnologias.
A estratégia de “dissuasão integrada”, que visa usar mais do que apenas poder militar para prevenir conflitos, não está claramente definida ou coordenada, segundo a comissão. Os comissários, nomeados igualmente por republicanos e democratas, concordaram que os EUA precisam agir com mais urgência, independentemente do partido governante.
Os comissários compararam a situação atual à Guerra Fria, quando os EUA gastavam 6,8% do PIB em defesa, em contraste com os atuais 3%. Embora os gastos em termos reais tenham atingido seu pico durante as guerras contra o terrorismo, a necessidade de aumentar o orçamento de defesa permanece clara, especialmente após o acordo que limitou os aumentos do orçamento do Pentágono em 1%.
Desde a guerra na Ucrânia, os EUA aprovaram vários projetos de lei de segurança suplementares, que injetaram dinheiro na indústria de defesa americana. No entanto, esses projetos não resolvem o principal problema apontado pela comissão: a falta de mobilização do público, impostos mais baixos e uma dívida pública muito alta dificultam um aumento significativo na defesa.
A comissão recomendou reavaliar os sistemas de aquisição e inovação do Pentágono, permitindo maior liberdade para cancelar compras irrelevantes e agilizar as aquisições. Também sugeriu mudanças nos gastos, incluindo a aprovação imediata de um projeto de lei suplementar para construir mais equipamentos, reforçar locais militares e comprar mais munições.
Para financiar essas reformas, os EUA deveriam considerar medidas impopulares, como aumentar impostos e reformar programas de benefícios como a Seguridade Social e o Medicare. O objetivo é criar uma força capaz de proteger o território nacional, lutar uma grande guerra e prevenir outra, considerando as ameaças da Rússia, China e Irã no Oriente Médio.
O relatório não especifica metas de gastos ou estrutura de força, mas enfatiza a necessidade de um planejamento de força multi-teatro. Tom Mahnken, chefe do Centro de Avaliações Estratégicas e Orçamentárias e um dos comissários, destacou a importância de uma abordagem integrada e coordenada.
Os participantes do painel fizeram recomendações semelhantes em comissões anteriores, muitas das quais foram ignoradas. A deterioração da situação desde o relatório da Comissão de 2018 é evidente, e muitas das recomendações anteriores não foram adotadas, o que reforça a urgência de implementar as mudanças sugeridas no relatório atual.
FONTE: Defense News
NOTA DA REDAÇÃO: Para baixar o relatório em inglês, clique aqui.