O acordo tornará mais fácil para os EUA e a OTAN defenderem a Suécia e a região nórdica, segundo o governo sueco

Durante duas guerras mundiais e uma guerra fria, a Suécia permaneceu neutra. Mas em Março, o país rompeu oficialmente com a sua tradição de 200 anos e tornou-se membro da OTAN.

O Riksdag (Parlamento da Suécia) aprovou o novo acordo de defesa com os Estados Unidos, assinado em dezembro. Isto dá aos americanos acesso a 17 bases militares suecas. Eles também estão autorizados a treinar, destacar militares e armazenar equipamentos de defesa na Suécia.

Esperava-se antecipadamente que o acordo fosse aprovado. Seis dos oito partidos do Riksdag apoiaram-no. As exceções foram o Partido da Esquerda e o Partido Verde.

O Acordo de Cooperação em Defesa (ACD) garantirá que os EUA possam rapidamente ajudar a Suécia em caso de crise. Também dará à OTAN uma melhor capacidade de defender os países bálticos e a Finlândia, segundo o governo da Suécia.

– Estamos vivendo a pior situação de segurança na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, disse Aron Emilsson, dos Democratas Suecos, quando discursou no Riksdag antes da votação, informou o Dagens Nyheter.

A guinada para os EUA e a NATO é uma encruzilhada inovadora na mentalidade, na autocompreensão e na política de segurança da Suécia, acredita Tormod Heier, professor de estratégia e operações militares.

Ele enfatiza que o acordo é importante para a Suécia. Nos últimos 30 anos, o país não priorizou grandes somas de dinheiro na defesa, como a Noruega, entre outros. Assim, a dependência dos Estados Unidos aumentou.

Aos olhos russos, o acordo é percebido como um aumento de pressão, acredita Heier. Isso poderia levar a mais paranoia na cadeia de comando russa:

– A Rússia só lê uma coisa: o arquirrival no Ocidente, os EUA, ganhou uma presença militar muito mais forte em todo o Norte da Europa, diz ele à NRK.

Ele ainda não espera nenhuma resposta militar russa após a decisão de hoje.

– Afinal, eles são um mosquito militar comparado aos EUA e à OTAN. A Rússia não tem capacidade militar para enfrentar esta grande aliança, diz Heier.

A Rússia, no entanto, utiliza outras medidas “híbridas” no chamado campo da zona cinzenta, acredita Heier. Por exemplo, ações de sabotagem e ataques informáticos, ou tentativas de espalhar a agitação na população e minar a solidariedade com a NATO e os EUA.

Não segue a lei sueca

No entanto, muitos temem que o acordo DCA possa enfraquecer o controle nacional das autoridades suecas. O acordo estabelece que os americanos devem respeitar, mas não necessariamente seguir, as leis suecas.

Em casos extremos, a lei sueca pode ser posta de lado, explica Heier. Mas isto só acontecerá numa crise e quando for absolutamente necessário. Por exemplo, se a Suécia não conseguir defender-se.

– Será um tiro no braço quando se trata de manter a soberania sueca, diz Heier.

Antes da votação de terça-feira, Håkan Svenneling, do Partido da Esquerda, disse que o que a Suécia fez agora é há muito impensável na Suécia:

– Cedemos território a outro país, enfatizou Svenneling.

Os soldados americanos também estão isentos da jurisdição sueca. Isto significa que não podem ser julgados num tribunal sueco. No entanto, eles serão processados ​​nos Estados Unidos.

Vários políticos suecos têm-se mostrado céticos quanto a isto. Salientam, por exemplo, que as leis suecas sobre crimes sexuais são mais abrangentes do que as americanas.

– Na pior das hipóteses, isto significa que se os soldados americanos cometerem atos criminosos, como violência ou agressão sexual, não serão processados, diz Tordmod Heier.

Não descarta armas nucleares

Em contraste com os acordos DCA norueguês e dinamarquês, o acordo sueco não exclui os EUA da implantação de armas nucleares em solo sueco.

Tormod Heier sublinha que ainda são as autoridades suecas que têm a última palavra nesta matéria:

– São a Suécia e as autoridades suecas que decidem se as armas nucleares americanas chegarão ou não ao país.

Muitos ainda se perguntam por que a questão não está melhor esclarecida.

– Pode acontecer que as autoridades suecas não tenham essa experiência e não estejam tão conscientes destes pontos como os membros mais experientes da aliança na Escandinávia e na Dinamarca. Essa poderia ser uma razão possível, diz Heier.

Um debate semelhante ocorreu na Noruega em 2021, quando a Noruega introduziu um acordo de defesa semelhante.

FONTE: www.nrk.no

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