Segundo o Wall Street Journal, Embraer planeja novo jato para concorrer com o Boeing 737

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De acordo com matéria do Wall Street Journal, a fabricante brasileira de aeronaves Embraer está explorando a possibilidade de desenvolver um novo jato de porte semelhante ao Boeing 737 para competir no mercado dominado por Boeing e Airbus há quase três décadas.

Apesar de ainda estar nos estágios iniciais e sem uma decisão final tomada, a Embraer está avaliando as possíveis especificações de carga e alcance do jato. A empresa também consultou possíveis parceiros financeiros e industriais, incluindo o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita e empresas de manufatura na Turquia, Índia e Coreia do Sul.

Um porta-voz da Embraer afirmou que, embora a empresa tenha capacidade para desenvolver um novo jato de corredor único, atualmente não há planos para um novo projeto de grande escala, e o foco permanece na venda de seus modelos existentes. As ambições da Embraer foram reforçadas recentemente devido às dificuldades enfrentadas pela Boeing após um incidente com um jato 737 MAX da Alaska Airlines, que perdeu um painel de fuselagem durante o voo.

Desde o aterramento de seus 737 MAX em 2019, a Boeing vem perdendo participação de mercado para a Airbus. O CEO da Boeing, David Calhoun, que anunciou sua renúncia no final do ano, previu anteriormente que a Boeing tentaria recuperar algumas dessas perdas com um novo avião, mas admitiu que a decisão caberia a um futuro CEO da Boeing.

Os novos programas de aeronaves exigem longos períodos de desenvolvimento, preparação de cadeias de suprimentos e aprovação regulatória. Calhoun mencionou que a empresa precisaria de cerca de 50 bilhões de dólares para desenvolver um sucessor para o 737 MAX, uma quantia que a Boeing, atualmente endividada, não possui.

Um novo modelo também representaria uma doce revanche para a Embraer após a Boeing ter desistido unilateralmente de um acordo de 4 bilhões de dólares para adquirir o negócio de jatos comerciais da empresa brasileira há quatro anos. A Embraer ainda aguarda os resultados de uma arbitragem que iniciou na Câmara de Comércio Internacional após a Boeing abandonar o acordo.

Vale ressaltar que muitos programas de novas aeronaves não têm sucesso. Por exemplo, a Mitsubishi Heavy Industries desistiu em 2023 de um projeto de 16 anos para desenvolver um novo jato regional. Em 2017, a Bombardier foi forçada a transferir seu programa de aeronaves C Series, que estava dando prejuízo, para a Airbus por 1 dólar após a Boeing ter solicitado ao Departamento de Comércio dos EUA a imposição de pesadas tarifas de importação sobre o novo modelo.

A Embraer atualmente não fabrica uma aeronave que corresponda ao tamanho e alcance dos populares jatos de corredor único da Boeing ou da Airbus. Seu maior modelo, o jato regional E2-195, que entrou em serviço em 2018, tem capacidade máxima para 146 passageiros, em comparação com os 172 assentos do menor jato de corredor único da Boeing, o 737 MAX 7. No entanto, a empresa brasileira poderia utilizar aspectos do design e da tecnologia do E2 como base para o novo avião, ajudando a subsidiar alguns dos bilhões de dólares em custos caso prosseguisse com um design totalmente novo.

Embraer rebate reportagem sobre novo jato e diz que não há grande plano de investimentos

Segundo reportagem da Reuters, a fabricante de aviões brasileira Embraer na quarta-feira minimizou uma notícia de que esteja planejando desenvolver um novo jato para competir diretamente com os modelos mais vendidos da Boeing e da Airbus, dizendo que não tem planos para um grande ciclo de gastos.

“A Embraer certamente tem capacidade para desenvolver uma nova aeronave de fuselagem estreita. No entanto, temos um portfólio jovem e de muito sucesso de produtos desenvolvidos nos últimos anos, e estamos realmente focados em vender esses produtos e tornar a Embraer maior e mais forte”, disse um porta-voz da Embraer.

“Não temos nenhum plano para um ciclo considerável de investimentos neste momento”, acrescentou o porta-voz.

A Embraer compete no mercado de jatos regionais com sua família E2 para 90 a 120 passageiros, colocada abaixo do mercado de mais de 150 assentos dominado pelo duopólio transatlântico de jatos MAX e A320neo e no qual a China entrou recentemente com seu C919.

Seu principal concorrente é o A220 de 110 a 130 assentos, que a Airbus comprou da Bombardier em 2018, depois que a fabricante canadense abandonou os planos de competir no segmento inferior do mercado de jatos.

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