Operação Tererê avança mais uma etapa para KC-390 reabastecer SC-105 em voo
SC-105 voou fazendo par com a aeronave KC-130H – Fase da operação marca os preparativos para a missão de reabastecimento em voo do KC-390 Millennium ao SC-105 Amazonas versão SAR
Entre os dias 18 de setembro e 06 de outubro de 2023, a Base Aérea do Galeão (BAGL) sediou a Operação Tererê, prevista no Plano de Operações do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e coordenada pelo Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV). O objetivo desta operação foi conduzir ensaios críticos no sistema de reabastecimento em voo (REVO) da aeronave SC-105, operada pelo 2°/10°GAv, Esquadrão Pelicano, com a meta de certificar e qualificar o par de REVO KC-390 x SC-105, atividade que promete ampliar consideravelmente as capacidades operacionais da Força Aérea Brasileira (FAB).
Nesta fase, o SC-105 voou fazendo par com a aeronave KC-130H, do Esquadrão Gordo (1°/1° GT), como continuação dos ensaios realizados em 2022, voltados ao estudo aprofundado do comportamento da aeronave SC-105 quando exposta à esteira de turbulência dessa aeronave.
Esta fase crucial recém-concluída servirá como uma aproximação gradual visando à certificação e qualificação do par REVO com o KC-390. Sendo assim, foram realizados ensaios em diversas altitudes, velocidades e pesos das aeronaves para verificar o desempenho e as qualidades de pilotagem, tendo as tripulações do IPEV realizado vários reabastecimentos com total sucesso e segurança, dando mais um passo para a qualificação.
Para o responsável técnico da Operação de Ensaios, Tenente Engenheiro João Gabriel Henriques Leite, a Operação Tererê 2023 é um marco que enfatiza a missão do IPEV de executar ensaios em voo com rigor científico, fortalecendo o conhecimento estratégico e aprimorando a operacionalidade FAB. Ao assimilar esta capacidade, o Esquadrão Pelicano ampliará seu alcance e autonomia em missões críticas, sobretudo nas humanitárias e de busca e resgate (Search and Rescue – SAR), situações nas quais cada segundo é crucial e a possibilidade de realizar o reabastecimento em pleno voo pode fazer grande diferença e salvar vidas.
As indicações estruturais providas pela instrumentação em condições distintas de aproximação, pré-contato com o cesto de reabastecimento, contato com o cesto e o reabastecimento propriamente dito foram analisadas e serão levadas em consideração para a operação com o KC-390.
“A instrumentação embarcada, projetada e instalada por meio de uma eficiente cooperação entre os engenheiros e técnicos do IPEV e do IAE[1], permitiu a coleta e análise minuciosa do conjunto dos dados dos voos. A aderência rigorosa às especificações do projeto e regulamentações aeronáuticas reforça o compromisso com a segurança de voo e eficiência, destacando a importância fundamental da Ciência e Tecnologia da Força Aérea, representada pelo DCTA, para o incremento do Poder Aeroespacial Brasileiro”, comentou o Engenheiro de Ensaios em Voo participante da missão, Tenente Engenheiro Edson Hítalo Almeida Sales.
Com os conhecimentos adquiridos, a FAB dá mais um passo importante na atividade de ensaios em voo à medida que se aproxima da capacidade de REVO com o KC-390 Millenium, o grande objetivo da Operação.
“Sentimos a responsabilidade da missão do IPEV durante cada ensaio, explorando as técnicas de REVO previstas com aproximação gradual e em total segurança, o que nos desafiou e abriu novos caminhos para melhorias técnicas e operacionais”, concluiu o Coordenador Operacional da atividade de Ensaios, Major Aviador Túlio Leonardo Bordignon.
FONTE / FOTOS: DCTA e IPEV (imagem de abertura em caráter meramente ilustrativo – demais imagens são da Operação Tererê)
NOTA DO EDITOR: por ocasião da publicação de matéria anterior sobre a Operação Tererê (clique no link ao final para acessar), alguns leitores do Poder Aéreo e frequentadores do canal Forças de Defesa no YouTube (veja vídeo abaixo) questionaram o nome da operação. Trata-se, obviamente, de uma alusão ao fato de que o Esquadrão Pelicano (que voa o SC-105) está baseado em Campo Grande (MS) onde é costume beber tererê.
A bebida de mate é servida gelada numa cuia que recebe o nome de “guampa”, sendo consumida com o uso de uma bomba (tal qual o chimarrão do Sul do Brasil, sendo que este último é servido quente – mas a guampa é diferente da cuia, assim como as bombas para cada bebida). Nesse “tererê alado”, presume-se que o KC-390 seja a guampa, o sistema de reabastecimento em voo seja a bomba e o SC-105 seja o bebedor de mate.