DCTA prepara ensaios de REVO entre KC-390 e SC-105
Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, da Força Aérea Brasileira, iniciou a “Operação Tererê” com instrumentação de alto nível em aeronave SC-105, de busca e salvamento, dotada de sonda para REVO – reabastecimento em voo
Na última segunda-feira (18 de setembro) o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) divulgou nota sobre o início da “Operação Tererê”. O objetivo da operação, segundo o DCTA, é “realizar ensaios do sistema de reabastecimento em voo (REVO) da aeronave KC-390 Millennium para a aeronave de busca e salvamento SC-105.” A atividade é coordenada pelo Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV) e a operação teve início no dia 11 deste mês.
Mas antes de seguir com a notícia, um lembrete:
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Prosseguindo com a notícia:
Como se pode ver na foto de abertura desta matéria, a aeronave SC-105 da FAB (Força Aérea Brasileira) é dotada de sonda (probe) de reabastecimento em voo. Segundo a nota, a obtenção da qualificação de REVO com o par KC-390 / SC-105 precisa passar por ensaios para “compreender profundamente o comportamento da SC-105 quando exposta à esteira de turbulência de um jato”, como é o caso do KC-390 da imagem abaixo (fotografado no ano passado, e aqui em caráter meramente ilustrativo).
Primeiro Hercules, depois KC-390
Inicialmente, porém, os ensaios serão feitos com o turboélice KC-130H Hércules, que tem menos efeito de esteira, numa técnica que o departamento chama de “aproximação gradual”.
Todo o processo demanda a instalação de sensores nas aeronaves envolvidas, fase que o DCTA ilustrou na sua nota com imagens (abaixo) dos trabalhos em realização, uma das quais identifica a aeronave recebedora com a matrícula 6551.
Trata-se do mesmo avião que aparece na foto de abertura, do Poder Aéreo, e também nas imagem de encerramento desta matéria (todas capturadas em evento aeronáutico realizado em 2022 na Academia da Força Aérea – AFA – em Pirassununga). Para mais detalhes sobre o SC-105 dotado da capacidade de ser reabastecido em voo, acesse link de matéria do ano passado, ao final desta.
Com os sensores instalados, o DCTA informa que poderá ser feita uma “meticulosa coleta de dados”, registrando “informações técnicas vitais”. O avião SC-105 Amazonas matrícula 6551 é um dos três exemplares do tipo que equipam o 2º/10º GAV (Esquadrão Pelicano), baseado em Campo Grande (MS), cuja missão principal é Busca e Salvamento (SAR).
Inovações no trabalho de instrumentação
O IPEV, que coordena a atividade, também aproveitou a ocasião para implementar inovações em sua instrumentação de ensaios. No caso, trata-se da “derivação de parâmetros de barramento Arinc 429”. Segundo a nota, isso representa um significativo avanço no trabalho de manipular e analisar os dados cruciais. Também estão sendo instalados extensômetros na aeronave recebedora, com o objetivo de registrar os esforços estruturais em pontos diversos da mesma.
Há outras inovações nesta operação: introdução da arquitetura Master-Slave, para coordenação e controle da comunicação entre múltiplos sistemas de aquisição de dados, o que implica vencer dificuldades para passar cabos entre seções pressurizadas e não pressurizadas da aeronave; medição das forças aplicadas pelos pilotos em comandos do tipo yoke (manche específico para aeronaves de transporte); lançamento de um aplicativo para visualização de dados em tempo real.
Profissionais de destaque
A nota destacou as participações de alguns dos profissionais envolvidos, tanto militares quanto civis: o chefe da Subdivisão de Análises Estruturais, major engenheiro Daniel Ferreira Vieira de Mattos, e o servidor civil Milton Fernandes Garcia de Mello, cujas experiências “foram cruciais para o sucesso inicial da operação”; o 1S André Lourenço da Silva, desenvolvedor do aplicativo mencionado acima; o servidor civil Wagner de Oliveira Lima.
Segundo o 1S André Silva, o aplicativo promete “revolucionar a forma como os dados são visualizados e interpretados”, o que permitirá melhorar a consciência situacional e a segurança de voo na operação Tererê.
Ainda segundo o DCTA, o atuação do IPEV na instalação independente dos extensômetros evidencia o investimento da FAB em capacitar técnicos militares e civis.
O chefe da Engenharia de Instrumentação e da Seção de Operações de Instrumentação, capitão engenheiro Túlio Araújo Medeiros de Brito afirmou a esse respeito: “Este progresso denota uma era de mais autonomia tecnológica, beneficiando diretamente o Brasil. O compromisso contínuo do IPEV com a vanguarda da inovação e a busca pela excelência e rigor científico são reafirmados por meio desses avanços, com uma perspectiva otimista para futuros desenvolvimentos revolucionários baseados na rica experiência e expertise técnica acumulada nos Ensaios em Voo”.
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