20 anos do Acidente de Alcântara e o fim do Projeto Veículo Lançador de Satélite (VLS)
Na sexta-feira, dia 22 de agosto de 2003, às 13:26h, vinte e um engenheiros e técnicos do CTA (Centro de Tecnologia Aeroespacial), sediado em São José dos Campos, SP, morreram em um incêndio no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), localizado no Estado do Maranhão.
O acidente ocorreu quando preparavam o lançamento de um protótipo do foguete de fabricação nacional, o VLS (Veículo Lançador de Satélites), previsto dentro das atividades do Programa Nacional de Atividades Espaciais.
O grupo de 21 engenheiros e técnicos trabalhava nas instalações do CLA, preparando o protótipo do VLS para o lançamento, quando a ignição prematura de um dos motores do foguete, supostamente ocasionada por uma faísca elétrica, provocou o incêndio e as mortes. Devido às chamas e ao calor resultante, pouca coisa restou dos 21 corpos e a estrutura da plataforma de lançamento e o protótipo do VLS transformaram-se em um amontoado de material retorcido.
O VLS era um foguete considerado de pequeno porte, com 19,5 metros, e peso aproximado de 50 toneladas. A sua principal missão era colocar em órbita, a uma distância média de 750 km da superfície terrestre, satélites de até 350 kg. O projeto original do VLS previa o uso de combustível sólido nos seus propulsores.
Em ordem alfabética são os seguintes os nomes dos 21 engenheiros e técnicos perdidos na tragédia: Amintas Rocha Brito, Antonio Sérgio Cezarini, Carlos Alberto Pedrini, César Augusto Varejão, Daniel Faria Gonçalves, Eliseu Reinaldo Vieira, Gil César Marques, Gines Ananias Garcia, Jonas Barbosa Filho, José Aparecido Pinheiro, José Eduardo de Almeida, José Eduardo Pereira, José Pedro Peres da Silva, Luís Primon de Araújo, Mário César Levy, Massanobu Shimabukuro, Maurício Biella Valle, Roberto Tadashi Seguchi, Rodolfo Donizetti de Oliveira, Sidney Aparecido de Moraes, Walter Pereira Júnior. Um monumento aos mortos foi construído nos amplos jardins do Memorial Aeroespacial Brasileiro (MAB), localizado no CTA, em São José dos Campos.
A investigação oficial do acidente concluiu que o incêndio da plataforma foi causado pela ignição antecipada de um dos propulsores do foguete, mas não indica exatamente o que provocou esta ignição. Textualmente, o relatório da investigação afirma que, “não foi identificada nenhuma falha ativa, ou seja, provocada por erro ou violação acidental ou intencional que tenham gerado resultados imediatos, dando início ao incêndio”. Apontou também o relatório para problemas de ordem material tais como cabos elétricos sem blindagem na torre de lançamento e a falta de dispositivos mecânicos de segurança para controlar os mecanismos de acionamento dos motores do foguete.
Um relatório elaborado por uma comissão externa e independente, mostrou que havia no local da explosão no CLA um “ambiente de descuido” e também que o órgão responsável pelo lançamento do protótipo do VLS, tinha “uma cultura de segurança pouco sedimentada”.
O Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e a Agência Espacial Brasileira (AEB) anunciaram, em audiência pública realizada no Senado Federal em 16 de fevereiro de 2016, o fim do Projeto Veículo Lançador de Satélite-1.
Em seguida, em uma reunião ocorrida no dia 29 de fevereiro de 2016 no Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), ficou implícito o fim do projeto VLS-1, sendo a prioridade deslocada para o VLM-1. Os componentes e subsistemas pertencentes ao VLS-1 poderiam ser utilizados no foguete de sondagem VS-43.
NOTA DA REDAÇÃO: Clique aqui para baixar o relatório final do acidente.