Portugal poderá enviar peças e treinar pilotos ucranianos, mas não tem F-16 para fornecer
O ministro dos Negócios Estrangeiros anunciou esta segunda-feira que Portugal está disponível para dar formação a pilotos ucranianos na utilização dos caças F-16, afirmando ainda que para já não há disponibilidade para enviar aeronaves.
“Portugal está aberto a essa possibilidade. Nós temos pilotos e formadores muito bons, e estão disponíveis para trabalhar com colegas de outros países que têm também F-16 para dar formação a pilotos ucranianos”, disse João Gomes Cravinho, à saída de uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE), em Bruxelas.
Enviar os F-16 que a Força Aérea Portuguesa tem é uma “questão que não está em cima da mesa”, acrescentou o ministro, explicando que “Portugal não tem um número ilimitado de aviões”.
“Temos aqueles de que precisamos para cumprir as nossas obrigações nacionais e também na NATO, portanto, para já essa questão não se coloca”, afirmou o chefe da diplomacia portuguesa.
João Gomes Cravinho sustentou que há abertura do país para “ouvir os pedidos da parte ucraniana” no que diz respeito à disponibilização de peças para manutenção das aeronaves que os militares ucranianos vão pilotar.
O ministro ressalvou que enviar caças é uma matéria que terá de ser discutida em pormenor e noutra altura com o primeiro-ministro, António Costa, e a ministra da Defesa, Helena Carreiras, e em articulação com outros membros da Aliança Atlântica.
“A expectativa é que não sejam caças nossos [a ser utilizados pela Força Aérea da Ucrânia]”, completou.
O Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, autorizou na última semana os aliados a disponibilizarem caças F-16 às Forças Armadas da Ucrânia.
A autorização surgiu durante uma cimeira do G7 em Hiroxima, no Japão, e depois da garantia dada pelo homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, de que estas aeronaves de combate seriam apenas utilizadas para defender o território ucraniano.
O G7 é o grupo das sete democracias mais desenvolvidas, que reúne Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido, mais a UE. Também participaram na cimeira da última semana países e organizações como o Brasil, a Índia, a Coreia do Sul, a Austrália e a União Africana.
Até agora os Estados Unidos, o Reino Unido, os Países Baixos, a Dinamarca e a Bélgica disponibilizaram-se a enviar F-16 para a Ucrânia.
Ao longo de vários meses, Zelensky tem vindo a pedir caças aos Estados-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e a outros países que apoiam Kiev.
Contudo, os países da NATO e da UE receiam que a Ucrânia utilize os F-16 para bombardear o território russo, ação que levaria a uma escalada da guerra.
No início de maio, Moscovo acusou Kiev de tentar assassinar o Presidente russo, Vladimir Putin, na sequência de um alegado ataque com um ‘drone’ (aparelho aéreo não tripulado) visando o Kremlin (Presidência russa).
Putin não estava na sede presidencial quando a aeronave embateu contra o edifício e a Ucrânia rejeitou as acusações.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
FONTE: Diário de Notícias