Por Guilherme Poggio (*)

Esqueça o IRST (1). O 1º GDA (2) tem outras prioridades. Para que os caças F-39 Gripen E voem eles precisam de pilotos. Atualmente a primeira unidade de combate a ser equipada com o mais novo vetor possui um número maior de aviões do que militares devidamente capacitados para o F-39 Gripen. Segundo o tenente-coronel Gustavo de Oliveira Pascotto, comandante do 1º GDA, a unidade que ele comanda possui apenas três pilotos qualificados para o Gripen E, sendo que já foram recebidas quatro aeronaves operacionais.

O processo de formação dos atuais pilotos do F-39 da FAB não é o ideal e nem o definitivo e há diversos motivos para isso. Tudo se inicia com a ida de pilotos da FAB para a Suécia, onde eles são incorporados à Ala F7 em Satenas. A Ala conta com o “Gripencentrum” que é a unidade responsável por formar pilotos que voarão o Gripen, incluindo pilotos estrangeiros cujos países também adquiriram o caça sueco. O curso dura aproximadamente seis meses e é dividido em dois módulos. Primeiramente o piloto passa pelo Convertion Training e em seguida segue para o Combat Readiness Training. Tanto no primeiro como no segundo as aeronaves empregadas são do modelo JAS 39 C/D de geração anterior.

A etapa seguinte, a adaptação do piloto ao Gripen E, foi feita empregando o simulador de voo. No caso específico, quatro pilotos da FAB seguiram para as instalações da Saab em Linkoping em novembro passado para fazer a conversão operacional do modelo C para o modelo E. Lá eles aprenderam a usar os novos sistemas da aeronave que incluem o painel WAD (Wide Area Display) e o novo HUD (Head Up Display).

Conforme o coronel Gustavo deixou claro em sua entrevista durante a cerimônia que marcou o início das atividades operacionais dos caças F-39 Gripen, o 1º GDA focará boa parte dos seus esforços neste final de ano e no começo do ano que vem para ter mais pilotos qualificados no Gripen E. E isto explica a pressa e a grande importância das obras que ocorreram (e ainda ocorrem) na base de Anápolis para concluir o novo prédio da unidade. Assim que o prédio foi inaugurado, a FAB não perdeu tempo para montar e instalar os dois simuladores, atualmente vitais para o formação dos futuros pilotos.

Como a FAB ainda não recebeu seus caças de conversão operacional (o primeiro biposto do modelo F está em construção na Suécia), os próximos pilotos de Gripen do GDA se familiarizarão com os sistemas específicos e o arranjo dos instrumentos do cockpit da nova versão do caça (que são bem diferentes das versões C e D) através dos simuladores já instalados em Anápolis e não haverá necessidade de enviá-los para o exterior. Somente após estar qualificado no simulador do Gripen E o piloto fará o seu voo solo.

Paralelamente à formação dos pilotos e a construção e entrega das novas aeronaves, a Saab em conjunto com os parceiros do programa (que inclui a própria Embraer) continuam a desenvolver diversos outros recursos e sistemas do Gripen E, cujas capacidades são extensas e diversificadas.

  • (1) IRST – Infra-Red Search and Track (sistema de busca e rastreamento de alvos por meio da detecção de radiação infravermelha)
  • (2) 1º GDA – Primeiro Grupo de Defesa Aérea – Esquadrão Jaguar

(*) *O editor viajou para Anápolis a convite da Saab.

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