A dificuldade em vencer os sete lances da escada de acesso ao cockpit era nítida. Os movimentos eram vagarosos e careciam de precisão. Executar tal tarefa após oito décadas de história não é algo corriqueiro. Mas a vontade daquela velha águia era superior a qualquer obstáculo que surgisse em seu caminho.

Ao final, o esforço foi recompensado. A alegria de sentar novamente no solitário cockpit de um caça (no caso, o mais moderno caça da FAB) não tinha tamanho. Palavras não precisaram ser ditas e talvez não traduzissem fielmente aquele sentimento. A expressão de felicidade no seu rosto já dizia tudo. O Major Brigadeiro do Ar (R1) Manoel Carlos Pereira estava novamente de volta ao seu antigo habitat. Veterano piloto de Mirage III, o brigadeiro serviu em Anápolis no início da década de 1980, quando comandou o 1º GDA. Agora ele estava de volta a Anápolis para presenciar a entrada em operação do F-39 Gripen.

“Você poderia tirar uma foto minha”, disse o brigadeiro estendendo o seu celular para mim. O momento precisava ser registrado e eternizado. Não perdi tempo e também fiz as minhas próprias fotos (uma delas ilustra a abertura do texto).

Já de volta à segurança do piso de concreto da base, o brigadeiro pediu para que eu o fotografasse ao lado de outros antigos companheiros de esquadrão, tendo ao fundo o Saab Gripen F-39 FAB 4003.

“Prazer em revê-lo, coronel”. Despediu-se um de seus  velhos comandados (também na reserva). “Quando ele serviu comigo eu era coronel, mas na verdade sou brigadeiro do ar”, sussurrou Pereira para mim. Infelizmente, naquele momento, fui agarrado pelo braço pelo pessoal do CESOMSAER porque não havia mais tempo para a imprensa ao lado do Gripen. Nem mesmo tivemos a oportunidade de registrar o interior do cockpit do FAB 4003. Escutar as histórias da velha águia ficou para outra oportunidade, quem sabe.

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