VÍDEO EXCLUSIVO: A história do caça F-5 – Contra o F-16, Operação Mistral, caças defasados
DOMANDO O TIGRE – A HISTÓRIA DO CAÇA F-5 PARTE 29
CONTRA O F-16
A FAB foi convidada a participar do exercício Red Flag nos Estados Unidos em 1994, mas os brasileiros ainda não estavam prontos para o desafio. Entretanto, a Força Aérea Brasileira desejava ampliar o contato com outras forças amigas. E assim nasceu a Operação Tigre I. Esta operação foi um exercício conjunto entre a FAB e a USAF, Força Aérea dos Estados Unidos, que ocorreu em Porto Rico, território americano situado no Mar do Caribe.
No ano seguinte foi a vez dos americanos virem ao Brasil. A Operação Tigre II ocorreu em outubro de 1995 em Natal, no Rio Grande do Norte. Embora defasados, os caças F-5 brasileiros e seus pilotos mostraram garra e competência diante das aeronaves F-16 da USAF.
Infelizmente o evento ficou marcado pela tragédia com um F-5 da FAB. Durante um evento público, o capitão Mauro Fernandes Naumann decolou para uma demonstração aérea. Após uma manobra conhecida como tuneau com o trem baixo a aeronave subiu na vertical. No entanto, o caça estolou a baixa altura. O piloto ainda tentou recuperar, mas acabou colidindo fatalmente com o solo.
NOVOS INTERCÂMBIOS
A Operação Tigre III ocorreu em 1997, na Base Aérea de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, onde também houve a primeira edição da Operação Mistral.
Foi durante a Operação Mistral que a Força Aérea Francesa enviou ao Brasil pela primeira vez o seu caça Mirage 2000, então o mais avançado avião de combate francês. Unidades de caça da FAB, tanto de Mirage III como de F-5, tiveram a oportunidade de conhecer outra aeronave que estava pelo menos uma geração à frente dos caças que operavam no Brasil.
Mais uma vez os pilotos brasileiros demonstraram profissionalismo. No entanto, a defasagem tecnológica entre os equipamentos ficou evidente. Tanto o F-5 como o Mirage III estavam ultrapassados frente aos caças mais modernos.
Curiosamente, muitos desses destacamentos estrangeiros que passaram pelo Brasil seguiram viagem para o Chile, onde realizaram exercícios com a Força Aérea Chilena.
Naquela época, fins da década de 1990, a Força Aérea Chilena já operava o F-5 Tiger III, versão modernizada do famoso caça da Northrop. O primeiro embate entre o Tiger III e os F-16 norte-americanos ocorreu em julho de 1996 sobre o Deserto do Atacama. Os pilotos da USAF ficaram muito impressionados com o que encontraram. Ao final, o resultado da operação favoreceu amplamente aos chilenos.
Impressionada com o resultado chileno, a USAF convidou os F-5 do Chile para o exercício Red Flag em Nevada, nos Estados Unidos. Convite aceito, os caças chilenos partiram para enfrentar os principais caças da OTAN entre o final de julho e início de agosto de 1998. Mesmo estando originariamente uma geração atrás dos outros caças do exercício, os chilenos puderam demonstrar mais uma vez que a atualização do F-5 reduziu significativamente a distância entre eles, por uma fração do custo de uma aeronave nova.
DEFASADOS
No início dos anos noventa toda a frota de F-5 da FAB sofreu sua pequena e única modernização até aquele momento, pouco depois da chegada do segundo lote de ex-aggressors adquiridos da USAF. Houve melhorias no sistema de comunicação e navegação com a introdução de novos rádios VHF, melhorias nos sistemas de VOR/ILS e introdução de GPS, além de uma versão mais potente do radar original. Mas estas mudanças estavam longe de colocar o caça em pé de igualdade com os vetores mais modernos daquela época.
O Tiger II foi projetado para ser uma versão aprimorada em desempenho do Freedom Fighter original, sem perder o foco na austeridade e simplicidade. Assim, foi o último projeto de caça norte-americano a não contar com inovações que já surgiam no início da década de 1970, como os comandos fly-by-wire, sistema HOTAS, motores turbofan, telas multifunção no painel, sistema gerador de oxigênio (conhecido como OBOGS) e unidade de força auxiliar. A geração seguinte contemplava todos estes avanços e muito mais. Somente dez anos após a introdução do F-5 na FAB, ele já era considerado um caça ultrapassado em muitos países. Apenas uma ampla modernização poderia reduzir esta lacuna, mas não eliminá-la.
Com a aquisição do segundo lote de caças F-5, a FAB passou a contar com um número considerável de aviõs de caça, mas era preciso modernizá-los e padronizá-los. Os F-5 de Canoas, por exemplo, não possuíam sonda de reabastecimento em voo e seus assentos ejetáveis eram mais antigos. A ideia de modernizar o F-5 surgiu no final da década de 1980. No entanto, por falta de recursos, o Ministério da Aeronáutica adiou o programa.