ARMAMENTO NACIONAL

Os canhões Pontiac Colt M-39 de 20mm sempre foram o armamento orgânico do F-5, desde as primeiras versões. Os aviões do tipo monoposto, versões A, C e E possuíam dois canhões, o biposto B não tinha nenhum e o biposto F apenas um. Associado ao míssil de orientação por infravermelho e emprego na arena visual, AIM-9B Sidewinder, esse conjunto foi padrão em diversos países, o que inclui o Brasil. A diferença é que, ao longo das décadas, outros operadores se atualizaram com versões aprimoradas do Sidewinder, enquanto no Brasil, durante seus primeiros 20 anos de operação na FAB, o Tiger II utilizou apenas o AIM-9B, de primeira geração.

Em relação ao armamento ar-superfície, aí incluídas bombas de emprego geral, bombas incendiárias e foguetes não guiados, com o tempo essas armas foram substituídas por similares de fabricação nacional. A Avibrás passou a produzir bombas de emprego geral da série MK.80 denominadas AV-BAFG e bombas incendiárias AV-BI. Em relação aos lançadores de foguetes, a Avibrás passou a fabricar o SBAT-70 para o lugar do sistema LAU. Diferentemente de vários países que adquiriram o Tiger II, a FAB não operou o míssil ar-superfície Maverick.

MÍSSEIS NOVOS

Antes mesmo que o programa de modernização do F-5 tomasse corpo, a FAB resolveu equipar suas aeronaves de caça com novos mísseis ar-ar. Conforme mencionado anteriormente, até meados da década de 1990 o único míssil ar-ar que equipava o F-5 era o AIM-9B Sidewinder, adquirido juntamente com os caças em 1975. No início da década de 1990 ele já se encontrava bastante defasado. Além disso, a FAB nunca havia disparado um Sidewinder sequer, em exercícios.

No final da década de 1980 surgiu interesse pela versão P-4 do Sidewinder, mas a compra não se materializou. Mesmo defasados, os Sidewinder versão B continuaram a ser empregados nos trilhos das pontas das asas como lastro, em algumas configurações de armas, evitando ou mesmo reduzindo um efeito aeroelástico indesejável conhecido como “flutter”.

A modernização dos mísseis ar-ar só tomou impulso na segunda metade da década de 1990. Eram duas linhas distintas: uma de origem nacional e outra proveniente do exterior. De Israel foram importados mísseis Python 3, do tipo “all-aspect”, equivalentes às versões L e M do americano Sidewinder, então padrão na USAF e em diversas forças aéreas do mundo nos combates na arena visual.  Já no Brasil, começaram os ensaios em voo com o míssil nacional MAA-1 Piranha.

A FAB integrou os mísseis Rafael Python 3 aos F-5 em 1997. O processo começou pelos caças de Santa Cruz com a ajuda de técnicos israelenses. Os Python 3 são transportados e lançados a partir de trilhos adaptados aos cabides externos das asas.

LONGA GESTAÇÃO

No mesmo ano em que a FAB integrou os mísseis Python 3 ao F-5, a empresa Mectron, então responsável pelo desenvolvimento do míssil MAA-1 Piranha, recebeu do CTA, Centro Técnico Aeroespacial, o certificado de homologação do armamento.

O Piranha começou a ser desenvolvido em 1976 pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço, à época dirigido pelo brigadeiro Hugo Piva. À IMBEL coube o desenvolvimento do motor-foguete. A partir de 1982 o projeto da cabeça de busca ficou a cargo da empresa D.F. Vasconcelos. Em 1987 o programa passou para as mãos da Engemíssil, uma subsidiária do grupo Engesa S.A. e apoiada pela Embraer.

Pouco tempo depois a Engemíssil se transformou na Órbita Sistemas Espaciais, que desapareceu do mercado logo em seguida. De volta ao CTA, o programa prosseguiu lentamente até que em dezembro de 1993 passou para as mãos da Mectron.

MELHOR QUE O FABRICANTE

Durante o desenvolvimento do Piranha a FAB cedeu um F-5 para que o CTA estudasse a integração do míssil Piranha ao caça, para emprego nos trilhos das pontas das asas. Para a realização deste trabalho, o CTA solicitou à fabricante do F-5 que fornecesse dados como velocidade máxima, fator de carga e margem de manobra.

Como a Northrop não forneceu os dados, a Aeronáutica resolveu por conta própria realizar o modelamento aeroelástico do caça e determinar os modos e as frequências naturais. Ao final do processo, que durou um ano e meio, o CTA obteve todos os parâmetros que precisava utilizando modernas ferramentas computacionais de aeroelasticidade. Como esta tecnologia não existia no começo da década de 1970, o CTA passou a conhecer o F-5 melhor do que o próprio fabricante.

De qualquer forma, o processo de integração foi lento, sendo concluído em abril de 2005. O 1º/14º foi a única unidade da FAB a receber o Piranha de pré-série para fins operacionais. Porém, em função de certas dificuldades técnicas o míssil teve vida curta no esquadrão.

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