VÍDEO EXCLUSIVO: a história do caça F-5 – Problemas estruturais nos Aggressors, frota no chão e reconstrução

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DOMANDO O TIGRE – A HISTÓRIA DO CAÇA F-5 PARTE 27

FROTA NO CHÃO

Integrantes do PAMA/SP – Parque de Manutenção de São Paulo, unidade da FAB encarregada da manutenção dos F-5, foram até Canoas examinar a frota e resolveram recolher cinco aeronaves que estavam em piores condições. Os caças foram transladados em voo para São Paulo com extremo cuidado.

A surpresa veio quando as aeronaves foram detalhadamente analisadas pelo pessoal do PAMA. Algumas poderiam ter se desmontado em pleno ar em função dos graves problemas estruturais. Resultado: toda a frota de Canoas foi mantida em solo a partir de 15 de junho de 1990, com exceção dos quatro F-5F, que estavam em melhores condições e do 4860, primeiro dos “americanos” a ser recondicionado pelo PAMA/SP.

RECONSTRUÇÃO

Com o tempo, os demais F-5 foram inspecionados com maior rigor. Cinco foram liberados para voo, um ficou restrito a manobras de até 4,5 G e os demais foram mantidos em solo. Para amenizar a situação em Canoas, o 1º Grupo de Caça transferiu dois dos seus F-5 camuflados para o 14.

A FAB possuía naquele momento uma grande quantidade de F-5 com problemas e estes eram problemas grandes. Além disso, o PAMA/SP tinha que apoiar os demais F-5 em operação com o 1º Grupo de Caça. Tudo isso acabou por saturar os trabalhos no Parque e uma equipe de manutenção do Esquadrão Pampa mudou-se para São Paulo para agilizar os trabalhos.

Naquela época não havia um manual para recuperação e reforço estrutural do F-5. Nem mesmo a fabricante da aeronave fazia este tipo de trabalho. O PAMA teve que planejar e desenvolver tudo a partir do ZERO. O problema principal se concentrava nas longarinas do cockpit (superior e inferior) e na longarina dorsal. Muitas delas não puderam ser recuperadas e a solução foi fabricá-las artesanalmente pelo próprio PAMA. Ao final, o que deveria ser apenas um trabalho de recuperação, tornou-se um trabalho de reconstrução.

FOX

Se os problemas com os monopostos ex-USAF eram uma dor de cabeça para a FAB, o mesmo não pode ser dito dos bipostos, também chamados de “FOX”. Eram aeronaves relativamente novas quando foram adquiridas pelo Brasil. Uma delas, o FAB 4809, chegou ao país com pouco mais de quatro anos e com menos de duas mil horas de voo.
Diferente dos Tiger II da FAB, os FOX possuíam um radar mais moderno e sistema de alerta radar RWR. No entanto, este último recurso foi removido da aeronave antes dela ser transladada para o Brasil.

Para o Esquadrão Pampa, que ficou com os FOX, a aeronave veio na hora certa. Como os F-5E Aggressors estavam proibidos de voar, os FOX foram amplamente empregados em missões operacionais.

Os FOX forneceram à FAB aquilo que ela realmente necessitava. Uma aeronave que realizasse a conversão operacional dos pilotos para o Tiger II, uma vez que o F-5B não passava de um T-38 com pequenas modificações. Os BRAVOS só foram adquiridos porque o FOX ainda não havia sido totalmente desenvolvido quando a FAB fechou o contrato com a Northrop.

PADRONIZAÇÃO

A longa passagem dos F-5 americanos pelas oficinas do PAMA também permitiu que a frota recebesse equipamentos de comunicação e navegação novos, além de receberem uma versão mais moderna do radar com maior potência. A introdução do novo radar foi concluída em abril de 1991 e dois anos depois os caças receberam um equipamento do tipo GPS.

O resultado do hercúleo esforço de manutenção começou a aparecer no início do ano de 1991. Mesmo com metade da frota de monopostos limitada a 4 Gs, o Esquadrão Pampa voltou à rotina normal de um esquadrão de caça.

O processo de recuperação e padronização das aeronaves não foi seguido na pintura externa. As aeronaves continuaram a ostentar os diferentes padrões dos esquadrões “Aggressor” bem como o cinza de defesa aérea. A pintura só foi padronizada em 1998, praticamente dez anos após a introdução dos F-5 do segundo lote.

ADEUS AOS “BRAVOS”

No começo do ano de 1996 ocorreu o último curso de conversão operacional em Santa Cruz utilizando o F-5B. Além de formarem novos pilotos os “BRAVOS” realizaram diversas outras tarefas como missões operacionais, reboque de alvos e voo com passageiros ilustres como o tricampeão de Formula 1, Ayrton Senna.

Em verdade, os “BRAVOS” nunca serviram adequadamente como aeronaves de conversão operacional. Eles eram aeronaves com performance diferente dos Tiger ll. Os FOX eram as verdadeiras aeronaves de conversão para os Tiger II. Com a chegada dos FOX os Bravos foram aposentados.

No final do ano de 1996 os F-5B remanescentes foram leiloados pelo valor de 3,1 milhões de dólares. As aeronaves seriam repassadas para a empresa americana ATSI, mas o leilão foi anulado e a FAB manteve as aeronaves. Elas permaneceram um bom tempo o PAMA/SP e receberam pinturas bem curiosas. Posteriormente, parte delas foi preservada.

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