REVO

No ano de 1975, enquanto a aviação de caça da FAB, a Força Aérea Brasileira, recebia seus jatos F-5, a aviação de transporte reforçou sua frota de Hercules com duas importantes aquisições: chegaram dois aviões do tipo KC-130H Hercules, capazes de realizar tanto missões de transporte quando de reabastecimento em voo. Conforme mencionado em vídeos anteriores, os caças F-5 da FAB só foram equipados com sonda de reabastecimento quando já se encontravam no país.

Em maio de 1976 foi realizado o primeiro curso de Reabastecimento em Voo (também conhecido como REVO) no Brasil. O então tenente-coronel Baptista, na época comandante do 1º Grupo de Aviação de Caça, foi acompanhado pelo major Johns, instrutor da USAF, a Força Aérea dos Estados Unidos, na primeira missão de reabastecimento ocorrida em 4 de maio daquele ano.

O conhecimento e a experiência também foram repassados para o Esquadrão Pampa, que realizou a primeira missão REVO no ano seguinte. A partir daquele instante o REVO passou a fazer parte do currículo de todos os pilotos de F-5.

Em 1986 a FAB adquiriu quatro aviões comerciais Boeing 707 que pertenciam à companhia aérea VARIG. Os quatro foram transformados em aeronaves de transporte e reabastecimento em voo. No entanto, o Esquadrão Pampa deixou de realizar missões REVO poucos anos depois. Em 1989 a unidade passou a ser equipada apenas com aeronaves que pertenciam anteriormente à USAF e não possuíam sonda de reabastecimento.

ARMAMENTO

Além dos canhões orgânicos dos caças F-5, a FAB adquiriu um leque de armas variado para eles. Em sua maioria eram armamentos convencionais e não guiados para emprego ar-superfície.

As bombas de emprego geral eram da série Mk.80 como as Mk.82, 83 e 84. Também foram adquiridas bombas MK.82 com cauda frenada por aletas, denominadas “Snakeye”, e bombas incendiárias do tipo “napalm”, semelhantes àquelas empregadas pelos jatos F-5C no Vietnã. Para exercícios, o F-5 empregava bombas do tipo BDU-33 e dispensadores SUU-20A/A.

Os foguetes de aletas dobráveis de 70mm, que podiam ser lançados de casulos com sete ou dezenove foguetes, foram outros armamentos que entraram para o inventário da FAB.
Os canhões de 20mm tinham emprego tanto ar-ar quanto ar-superfície. Já o único armamento específico para ações ar-ar, adquirido na época da introdução do F-5, foi o míssil americano AIM-9B Sidewinder. De pequeno diâmetro e pesando pouco mais de 70 quilos, podia ser levado aos pares, um em cada trilho de ponta de asa do F-5.

Esta versão inicial do Sidewinder, produzida em larga escala nos anos de 1960, ainda era largamente empregada por várias forças aéreas na década seguinte, embora já estivesse superada por novas versões em 1975. No entanto, ela representou um enorme avanço para a FAB, por disseminar nos esquadrões de caça o emprego de mísseis ar-ar, de guiagem por infravermelho e mais adequados ao combate aéreo.

Até então, os únicos jatos capazes de empregar mísseis ar-ar na FAB eram os interceptadores Mirage III, que equipavam um único esquadrão, em Anápolis. O míssil padrão do Mirage era o Matra R530, desenvolvido tanto com sistemas de guiagem por radar quanto por infravermelho.

Projetado na França numa época em que os principais alvos dos interceptadores eram os grandes bombardeiros soviéticos, o míssil R530 pesava mais do que o dobro do Sidewinder. Ainda que oferecesse maior alcance que este, devido ao tamanho e peso o R530 era instalado apenas no pilone central da fuselagem do Mirage III, um míssil por aeronave.

DISSIMILARES

A aquisição do F-5 logo após a introdução do Mirage III despertou o interesse na FAB pela criação de combates dissimilares entre ambos. A partir de 1977, tornaram-se rotina os deslocamentos de Mirage para Canoas e Santa Cruz, assim como de F-5 para Anápolis.
As duas aeronaves possuíam características distintas, mas nestes tipos de embates o F-5 levava ampla vantagem. O Tiger II era um projeto otimizado para a arena visual e sua alta manobrabilidade o tornava um caça difícil de ser abatido. Já o Mirage perdia muita energia em curva. Para que os pilotos de Anápolis tivessem algum sucesso, eles deveriam usar a velocidade e a potência do Mirage. No geral, os embates eram amplamente favoráveis ao caça norte-americano.

TIRO AO ALVO

No início da vida operacional do F-5 na FAB, as campanhas de tiro aéreo eram realizadas com um alvo do tipo “dardo”. Um F-5 fazia o papel de aeronave rebocadora. Ele transportava o enorme e desajeitado dardo no cabide externo da asa esquerda. Sob a fuselagem, era levado um casulo que continha o cabo de aço que se estendia para rebocar o dardo. Eventualmente um tanque de combustível era transportado sob a asa direita.

No ar, a aeronave que fazia o reboque do dardo se posicionava na frente. Atrás dela, seguia uma esquadrilha de dois ou quatro caças F-5. Eles executavam um circuito ao redor do alvo, semelhante a um carrossel, e em cada passagem disparavam contra o alvo. Ao final da campanha o dardo era descartado antes do pouso e não podia ser reutilizado.
Além de ser caro, o dardo tinha montagem muito trabalhosa. Por estes motivos seu uso foi encerrado no ano de 1982. Desde então a FAB tem empregado no tiro aéreo um alvo flexível de tecido. Produzido nacionalmente e de baixo custo, este alvo aéreo pode ser descartado na lateral da pista antes do pouso e reutilizado.

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