Patrulha conjunta da Rússia e da China no Pacífico sinaliza laços militares mais fortes entre Moscou e Pequim

O Japão e a Coréia do Sul acionaram caças para acompanhar bombardeiros russos e chineses que realizaram uma missão de patrulha conjunta sobre o Pacífico ocidental em uma demonstração de laços militares cada vez mais estreitos entre Moscou e Pequim.

Os militares russos disseram que dois de seus bombardeiros estratégicos Tu-95 e quatro bombardeiros chineses H-6K sobrevoaram o Mar do Japão e o Mar da China Oriental na terça-feira, dia 22 de dezembro.

A Força Aérea de Autodefesa do Japão acionou os caças para acompanhar os bombardeiros, que sobrevoaram as disputadas ilhas Takeshima/Dokdo no Mar do Japão, disse a agência de notícias Kyodo, citando o Ministério da Defesa.

As ilhas são controladas pela Coreia do Sul, mas também reivindicadas pelo Japão. Os aviões russos e chineses também sobrevoaram o estreito de Tsushima, que separa o Japão do ponto mais ao sul da península coreana, bem como uma área próxima à ilha de Okinawa, no sul, onde estão dezenas de milhares de soldados americanos.

A Coreia do Sul também acionou jatos atrás dos aviões russos e chineses “em preparação para situações acidentais” depois que eles entraram na “zona de identificação de defesa aérea” do país, de acordo com a agência de notícias Yonhap.

Os militares sul-coreanos e o Ministério das Relações Exteriores entraram em contato com seus colegas russos e chineses para expressar suas preocupações com o incidente.

O ministério da defesa da Rússia disse que a missão conjunta tinha como objetivo “desenvolver e aprofundar a parceria abrangente Rússia-China, aumentar ainda mais o nível de cooperação entre os dois militares, expandir sua capacidade de ação conjunta e fortalecer a estabilidade estratégica”.

O ministério acrescentou que o voo de patrulha “não foi dirigido contra terceiros países”.

A missão de terça-feira foi o segundo voo desse tipo desde uma patrulha de julho de 2019 na mesma área.

Segue-se a declaração do presidente russo Vladimir Putin em outubro de que a ideia de uma futura aliança militar Rússia-China não poderia ser descartada – um sinal de aprofundamento da cooperação militar entre Moscou e Pequim em meio a tensões crescentes em suas relações com os EUA.

Até aquele momento, a Rússia e a China haviam saudado sua “parceria estratégica”, mas negaram qualquer conversa sobre a possibilidade de formar uma aliança militar.

Putin também observou em outubro que a Rússia vinha compartilhando tecnologias militares altamente sensíveis com a China, o que ajudou a aumentar significativamente sua capacidade de defesa.

A Rússia tem buscado desenvolver laços mais fortes com a China à medida que suas relações com o Ocidente se deterioram para níveis pós-guerra fria devido a questões como a anexação da Crimeia da Ucrânia por Moscou e acusações de intromissão da Rússia nas eleições presidenciais dos EUA em 2016.

FONTE: The Guardian/AP IMAGENS: MoD da Rússia, Coreia do Sul e do Japão

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