A história do caça F-5 – parte 7

No início de 1965, o programa de treinamento de militares estrangeiros no F-5 seguia o seu curso no deserto do Arizona. Paralelamente na Flórida os aspectos táticos do caça da Northrop eram avaliados dentro do Projeto “Sparrow Hawk”.

Inicialmente o projeto “Sparrow Hawk” buscava avaliar o emprego de caças leves para uso do Comando Aéreo Tático (TAC em inglês). Outras aeronaves, como o A-4 Skyhawk, deveriam participar dos ensaios, mas a recomendação do TAC foi encerrar o programa e enviar uma unidade de F-5 para avaliação em missões de combate real.

Naquela época o envolvimento direto dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã se intensificou. Logo de início os estrategistas norte-americanos perceberam que as aeronaves do inventário da USAF eram muito sofisticadas e pouco adequadas para o ambiente de guerra do Sudeste Asiático.

Um caça simples e de baixo custo como o F-5 poderia ser útil naquele tipo de conflito. Surgiu então a ideia de testar o Freedom Fighter em combate. E dependendo dos resultados a USAF compraria perto de 200 caças leves para o TAC. Uma decisão diametralmente oposta àquela demonstrada poucos anos antes.

O plano foi traçado em maio. Uma nova unidade foi especialmente criada para este propósito em Williams. Caças F-5A destinados ao programa MAP foram incorporados provisoriamente pela USAF. O projeto era inicialmente conhecido como “Sparrow Hawk II”, mas foi renomeado “Skoshi Tiger” pouco tempo depois. A escolha do nome foi tão oportuna que desde então a palavra “Tiger” tornou-se sinônimo de F-5.

No final do mês de julho o Esquadrão Provisório 4503 foi ativado na Base Aérea de Williams. Para comandar a unidade foi escolhido o coronel Frank Emory, veterano piloto de P-47 na Segunda Guerra Mundial. Coube a ele organizar o esquadrão, treinar os pilotos, estabelecer rotinas e procedimentos. Dezoito pilotos, todos voluntários e com experiência em outros caças, foram incorporados à unidade. Incluindo os militares da seção de comando do esquadrão, existiam 22 pilotos “checados” no F-5.

Na visão da USAF, antes que o F-5 enfrentasse um combate real ele deveria sofrer modificações. As mudanças incluíam a instalação de uma sonda para reabastecimento em voo, proteção balística sob o cockpit e sob sistemas hidráulicos na cauda da aeronave, cabides com capacidade para ejetar cargas externas, alterações no comando do pós-combustor, eliminação do limitador do leme (tornando o F-5 mais manobrável), adoção de plataforma giroscópica dupla e substituição da mira tradicional.
Doze Freendom Fighter foram incorporados pela USAF, sendo cinco F-5A Bloco 15 e sete F-5A Bloco 20. Todos retornaram à Northrop para e passaram pelas modificações solicitadas. Por fim, eles receberam a designação oficial F-5C e pintura camuflada.

O período de preparação foi inicialmente estimado em seis meses, tempo necessário para a Northrop modificar os caças. No entanto, a USAF deu apenas dez semanas! Em função disso a preparação dos pilotos também foi acelerada e o programa de voos passou a ser de doze horas por dia, sete dias por semana. Depois de intenso preparo a unidade recebeu seus F-5C e finalmente estava pronta para seguir para o combate.

As doze aeronaves do Esquadrão 4503 partiram de Williams em 20 de outubro de 1965 rumo ao Havaí, apoiados por reabastecedores KC-135. No dia seguinte o grupo seguiu para a Ilha de Guam, com paradas nas ilhas Midway e Wake, além de cinco reabastecimentos no ar. A pernada até o destino final incluiu uma parada nas Filipinas e outros três reabastecimentos em voo.

Perto do meio dia do dia 23 de outubro, um sábado, os doze F-5 pousaram em Bien Hoa, aeródromo localizado a nordeste da capital Saigon. Mas aquele não seria um final de semana de descanso. Quatro horas após tocarem o solo vietnamita dois F-5 foram armados com quatro bombas de 250 kg além de munição para os canhões de 20 mm. Sua missão: eliminar uma concentração de guerrilheiros vietcongs. Começava assim a Fase Um de avaliação em combate do caça da Northrop.

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