Por que o Poder Aéreo argentino foi derrotado na Guerra das Malvinas?
Faltaram aeronaves capazes e tripulações treinadas para realizar ataques de longo alcance
- As aeronaves disponíveis foram projetadas para missões de curto alcance e para operações de apoio aéreo aproximado. A Fuerza Aerea Argentina tinha se especializado mais nos últimos anos em operações de contra-insurgência (Pucará) e não contra um inimigo externo;
Faltou efetiva coordenação com as outras duas Forças
- O Exército e a Marinha mantiveram a Força Aérea fora dos planos de invasão das Malvinas até o último minuto;
- Começado o conflito, a Força Aérea recebeu a maior responsabilidade na defesa das ilhas;
Antes da Guerra, a Força Aérea era proibida por Lei de praticar operações sobre o mar, missão que era de exclusividade da Marinha
- A maioria das aeronaves da Força Aérea não tinha equipamento de navegação nem radar, necessários para operações sobre o mar;
- A Força Aérea não tinha ou não sabia como ajustar corretamente as espoletas das bombas para missões antinavio (60% das bombas que acertaram os alvos não explodiram); a Marinha sabia como ajustar as espoletas, mas não passou as informações para a Força Aérea, que também não solicitou ajuda à Marinha;
Decisões táticas ruins
- Atacaram os navios de guerra (que podiam se defender e não levavam tropas), ao invés de concentrarem os ataques nos navios de transporte e de desembarque;
- Atacaram em pequenas formações, ao invés de grandes formações de ataque;
Equipamentos
A Fuerza Aerea Argentina tinha quase 200 aviões de combate
- 9 bombardeiros Canberra
- 19 Mirage IIIEA
- 26 Dagger (Kfir, Mirage V)
- +-68 A-4 Skyhawks
- 45 Pucara
- O restante eram treinadores, transportes e helicópteros
Limitações:
- Somente os Canberra tinham alcance para voar até as Falklands e voltar, sem reabastecimento, mas eram também mais vulneráveis à interceptação;
- Mirages e Daggers só podiam chegar até as Malvinas sem voar em velocidade supersônica, isto é, não podiam empregar o pós-queimador (after burner);
- Mirages e Daggers não possuíam capacidade REVO;
- Os A-4 podiam alcançar as ilhas, mas somente com REVO e levando uma carga menor de bombas;
- As ilhas Malvinas tinham 3 pistas de pouso, mas a maior não tinha comprimento para operar caças a jato. Ela precisaria ter sido ser ampliada (inclusive em suas áreas de escape) para poder receber A-4 e Mirage/Dagger.
O radar Westinghouse AN/TPS-43 instalado nas ilhas pela Força Aérea foi de importância fundamental
- O radar não foi acompanhado por outra unidade similar, para instalação em outra posição;
- A instalação do radar foi feita num local ruim, o que permitia aos ingleses se aproximarem das ilhas sem serem detectados, mascarando-se no terreno;
Mísseis
- A ARA Armada Argentina tinha uma boa quantidade de mísseis antinavio instalados em seus navios;
- Mas a Força Aérea não possuía mísseis antinavio e a Marinha só tinha 5 mísseis ar-superfície Exocet AM39, quando a Guerra começou.
FONTE: Livro Why Air Forces Fail (University Press of Kentucky, 2006)