Irã admite ter derrubado avião ucraniano com 176 pessoas
Segundo o jornal New York Times, o governo iraniano alegou que o Boeing 737 foi abatido por engano logo após decolar do aeroporto de Teerã
O Irã admitiu na madrugada deste sábado (11) ter derrubado por engano um avião ucraniano na última quarta-feira. A aeronave levava 176 pessoas de sete nacionalidades que não sobreviveram. A informação é do jornal New York Times
Segundo o governo iraniano, o ataque ‘não foi intencional’ e teria sido causado por ‘erro humano’. A aeronave teria se aproximado de uma base da Guarda Revolucionária Iraniana.
O ministro de Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, em sua conta no Twitter comentou a recente revelação. ‘Um erro humano provocado pela ação aventureira dos Estados Unidos levou ao desastre. Lamentamos profundamente. Desculpas e condolências ao nosso povo, às famílias de todas as vítimas e outrtas nações afetadas’, disse.
O voo saiu do aeroporto de Teerã e tinha como destino Kiev, capital da Ucrânia. A aeronave deixou de transmitir sinal minutos depois da decolagem e caiu. O acidente ocorreu pouco depois que o Irã disparou mísseis em duas bases dos Estados Unidos no Iraque.
O avião tinha 176 passageiros, sendo 82 iranianos, 63 canadenses, 11 ucranianos, 10 suíços, 7 afegãos e 3 alemães, além de 9 membros da tripulação. Todos morreram.
Pressão internacional
O ministro das Relações Exteriores do Canadá, François-Philippe Champagne, anunciou nesta sexta-feira (10) a criação de um grupo internacional de trabalho para pressionar o governo do Irã a fazer uma investigação completa sobre a queda do Boeing 737-800 da Ukrainian Airlines.
Na quinta-feira, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse que indícios apresentados pelo serviço de inteligência de seu país mostravam que a aeronave teria sido abatida por um míssil terra-ar da defesa antiaérea iraniana.
O governo do presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (10) novas sanções contra o Irã depois do ataque a duas bases militares norte-americanas no Iraque na última terça.
O secretário de Estado, Mike Pompeo, e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, disseram que as sanções vão atingir oficiais sêniores do Irã, empresas de aço, ferro e cobre.
Presidente do Irã diz que queda de Boeing 737 foi ‘erro imperdoável’
Pelo Twitter, Hassan Rouhani também usou a palavra “desastroso” para se referir ao acidente que deixou 176 mortos na última quarta-feira
O presidente do Irã, Hassan Rouhani, classificou, neste sábado (11), como “imperdoável” e “desastroso” o erro humano que derrubou o avião ucraniano com 176 pessoas a bordo na última quarta-feira (8).
Pelo Twitter, Rouhani afirmou que “investigação interna das Forças Armadas concluiu que lamentavelmente os mísseis disparados devido a erro humano causaram o terrível acidente do avião ucraniano e a morte de 176 pessoas inocentes”.
O presidente iraniano também disse que “as investigações continuam a identificar e processar essa grande tragédia e erro imperdoável”.
Guardiões da Revolução confundiram avião com míssil
Operador tentou falar com comandantes e conseguir aprovação antes de disparar, mas sistema de comunicação falhou e tomou decisão ‘precipitada’
Os Guardiões da Revolução Islâmica do Irã (IRGC) assumiram neste sábado (11) a responsabilidade pela queda de um avião ucraniano com 176 pessoas a bordo em Teerã e explicaram que o operador do sistema de defesa confundiu o dispositivo com “um míssil de cruzeiro”.
O comandante da Força Aeroespacial da IRGC, Amir Ali Hayizadeh, disse que o operador, antes de disparar, tentou entrar em contato com seus comandantes para obter aprovação, mas o sistema de comunicação deu erro e tomou uma decisão “ruim e precipitada”.
“Todo o sistema defensivo estava no mais alto nível de alerta e foi anunciado através do sistema integrado que mísseis de cruzeiro haviam sido lançados contra o país. Naquela ocasião, o sistema estava diante, a uma distância de 19 quilômetros, de um alvo que se distinguia como um míssil de cruzeiro”, afirmou.
Hayizadeh também reconheceu que havia dez segundos para decidir e que a Organização da Aviação Civil não foi informada de que cancelaria voos comerciais em Teerã.
“O erro foi nosso. Aceitamos todas as responsabilidades por este ato”, reconheceu Hayizadeh, que isentou a Organização da Aviação Civil e o governo, justificando que essas instituições negavam a hipótese de responsabilidade pela queda, pois não possuíam as informações corretas.
O comandante esclareceu que eles não queriam ocultar o erro, mas que era necessário rever o que aconteceu antes de fornecer as informações oficiais.
Especulação da queda
As especulações as causas da queda da aeronave começaram no mesmo dia do incidente e assumiram um tom oficial quando o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, disse na quinta-feira que seu governo tinha informações de que o Boeing 737 foi atingido por “um míssil terra-ar iraniano”.
Finalmente, nas primeiras horas deste sábado, as Forças Armadas iranianas explicaram que a queda foi involuntária e por causa de “erro humano”, pois o avião estava localizado próximo a um centro militar dos Guardiões da Revolução com uma altitude e posição de voo de um alvo inimigo”.
Pouco antes da queda do avião ucraniano, o Irã havia realizado um ataque com mísseis contra uma base aérea no Iraque que abriga tropas americanas, em vingança pelo assassinato, dias antes, do general Qasem Soleimani em um bombardeio dos EUA.
A aeronave caiu ao sul de Teerã logo após decolar do Aeroporto Internacional Imam Khomeini com destino a Kiev, com 167 passageiros, incluindo 82 iranianos e 63 canadenses, embora estes últimos tivessem na sua maioria dupla nacionalidade, e nove tripulantes ucranianos.
FONTES: R7 (com informações do New York Times e EFE) e Twitter Hassan Rouhani e Javad Zarif