Erdogan da Turquia ameaça fechar bases estratégicas para militares dos EUA
A Turquia está aumentando a aposta com ameaças de retaliação contra os EUA se este vier a impor sanções a Ancara por sua compra de um sistema de mísseis russo.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou no último domingo fechar duas bases militares estratégicas usadas pelos Estados Unidos na Turquia se Washington impuser sanções a Ancara por comprar um sistema de mísseis russo.
“Se necessário, encerraremos Incirlik e também Kurecik”, disse o presidente turco Recep Tayyip Erdogan à emissora A Haber no domingo, referindo-se a duas bases militares usadas pelos Estados Unidos. “Se a ameaça de sanções for implementada contra nós, responderemos a eles no âmbito da reciprocidade”.
Incirlik é uma base aérea no sul da Turquia que desempenhou um papel importante nas operações militares dos EUA no Oriente Médio e Afeganistão e, mais recentemente, contra o grupo “Estado Islâmico” (SI) na Síria e no Iraque. As forças armadas dos EUA também armazenam cerca de 50 bombas de gravidade nucleares B-61 na base.
Kurecik, no leste da Turquia, abriga uma estação de radar da OTAN.
No início desta semana, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, também levantou a questão de fechar as duas bases para os EUA se Washington impor sanções.
Sanções no horizonte
Os legisladores americanos de ambos os lados do corredor pressionam o presidente dos EUA, Donald Trump, a impor sanções à Turquia sobre a compra e implantação do sistema de defesa antimísseis S-400 da Rússia, que Washington diz ser incompatível com a Otan e ameaça caças F-35. Em resposta, os EUA expulsaram a Turquia do programa de caças F-35, no qual Ancara era parceira.
Até o momento, o governo Trump se absteve de impor sanções à aliada da Otan por causa da compra do S-400.
De acordo com uma lei dos EUA conhecida como Lei de Sanções Contra Adversários dos EUA (CAATSA), os estados que compram certos equipamentos militares da Rússia devem ser sancionados.
As relações entre os dois aliados da Otan também foram tensas com a incursão militar da Turquia no nordeste da Síria contra as forças curdas que fizeram parceria com os EUA contra o EI. Depois que as forças armadas dos EUA se retiraram da fronteira entre a Turquia e a Síria, a Turquia fez um acordo com o presidente russo Vladimir Putin para patrulhar o norte da Síria.
A Turquia considera a milícia síria curda YPG um grupo terrorista com vínculos com rebeldes curdos que combatem uma insurgência de 35 anos contra o estado turco.
Erdogan no domingo também ameaçou retaliar os EUA depois que o Senado e a Câmara votaram em reconhecer o assassinato de 1915 dos armênios como genocídio. Trump não assinou a resolução.
FONTE: Rádio alemão Deutsche Welle