Operação Cruzeiro: Primeiro ensaio em voo de um motor aeronáutico hipersônico nacional
O Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) já tem definido o nome da Campanha responsável pelo primeiro Ensaio em Voo do motor aeronáutico hipersônico em desenvolvimento no país: Operação CRUZEIRO.
A apresentação oficial da Bolacha alusiva à operação ocorreu no final de outubro, e tem como destaque o sistema integrado veículo acelerador hipersônico (VAH) e motor aeronáutico hipersônico, batizado de 14-X S. “Durante a Operação Cruzeiro, a plataforma de demonstração do motor hipersônico aspirado será levada até sua condição de partida, a cerca de 7.500 km/h na estratosfera terrestre, pelo VAH, baseado no foguete de sondagem VSB-30, o 32º da série”, explica o Dr. Israel Rego, gerente do Projeto Estratégico 14-X do Comando da Aeronáutica (COMAER).
O VSB-30 já foi empregado com sucesso por duas vezes em campanhas do Programa Australiano HIFiRE, para ensaio em voo de um motor aeronáutico a combustão supersônica (scramjet) e de um planador hipersônico. “No nosso caso, o 14-X S será a carga útildo VAH, funcionando como um terceiro estágio propulsivo “aspirado”, cujos subsistemas já estão sendo fabricados pelo IEAv em parceria com a empresa Orbital Engenharia LTDA, e cujas inspeções e ensaios de qualificação e de aceitação serão conduzidos pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) para posteriores certificações pelo Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI)”, afirma Rego.
A Operação CRUZEIRO será conduzida a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) que, além de dispor de infraestrutura única para lançamento e rastreamento, apresenta naturalmente uma localização privilegiada, capaz de oferecer um vasto “corredor de voo”, sobre o Oceano Atlântico. Ainda em apoio à Operação CRUZEIRO, o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) será utilizado como uma estação remota para rastreio redundante da trajetória acima da mesosfera terrestre.
“Nesse primeiro ensaio em voo, um dos objetivos principais consiste na telemedida de dados aerotermodinâmicos associados à condição de partida do motor, capazes de validar e otimizar nossos modelos computacionais e dados experimentais obtidos em laboratório. Além disso, ele consolidará o emprego de algumas tecnologias críticas, com destaque para o estágio de compressão móvel, combustor supersônico e sistema de armazenamento e de injeção de combustível (hidrogênio gasoso)”, afirma o Dr. Dermeval Carinhana Jr., Chefe da Divisão de Aerotermodinâmica e Hipersônica do IEAv. Ele ainda explica: “A Operação Cruzeiro fecha um ciclo de pouco mais de uma década de esforços no estabelecimento dos fundamentos e requisitos associados à tecnologia de propulsão scramjet, ao mesmo tempo em que dá início a um novo ciclo inédito no tocante ao desenvolvimento de um produto de defesa nacional”.
Nesse novo cenário, fascinante e desafiador, o Diretor do IEAv, Cel Av Lester de Abreu Faria, complementa: “A Operação Cruzeiro se mostra como um primeiro e grande passo em termos de ensaios em vôo hipersônicos, contribuindo para elevar o nível de prontidão tecnológica (TRL) da Força Aérea Brasileira (FAB) no tocante a sistemas de propulsão hipersônica aspirada, saltando do nível 4 (validação em ambiente laboratorial) para o nível 7 (demonstração em ambiente operacional). É só o primeiro passo de uma caminhada disruptiva e impactante no cenário Geopolítico Mundial que colocará o Brasil em uma posição de destaque frente aos maiores e mais desenvolvidos países do mundo. É para isso trabalhamos e é por isso que somos reconhecidos!”.
FONTE: Instituto de Estudos Avançados – DCTA