Ordem do Dia do Comandante da Aeronáutica

A liberdade para sonhar está ao alcance de todos. Todavia, o poder de transformar sonhos em algo concreto limita-se àqueles que acreditam em suas potencialidades e que jamais se rendem às investidas do desânimo.

Vivendo esse ideal, no dia 23 de outubro de 1906, um ilustre brasileiro ousou singrar o espaço de Bagatelle com seu intrépido 14-Bis; não deixou vestígio do seu roteiro; fez apenas ouvir o rumor de suas asas, açoitando a brisa leve e abrindo seu caminho no ar. Tornou-se uma referência para aqueles que escolheriam a terceira dimensão como oficina de trabalho. Seu nome: Alberto Santos-Dumont, “Pai da Aviação mundial e Patrono da Aeronáutica Brasileira”.

Em tudo que fazia, Santos-Dumont buscava inspiração no comprometimento com seu Ideal. Direcionava suas atitudes no sentido de alcançar o bem coletivo. Conduzia as ações de sua equipe de forma invulgar, mantendo-os unidos diante das enormes dificuldades da Época. Foram esses os valores que o fizeram imortal.

Inspiração. Comprometimento. Atitude.

Eis a herança deixada pelo inventor, piloto de espírito altruísta, aos integrantes da Força Aérea Brasileira.

Uma força que completou 78 anos de conquistas, crendo que o genuíno sucesso advém da união dos esforços de todos: a nossa gente.

Uma força que às vesperas dos 75 anos da gloriosa atuação da Força Expedicionária Brasileira na itália, mantém o espírito guerreiro e combativo que permitiu aos homens que compunham a 1ª Esquadrilha de Ligação e Observação e o 1º Grupo de Aviação de Caça recolher tantas glórias além-mar.

Uma força que enfrenta seus desafios olhando para o alto, entendendo que o voo bem sucedido também cruza tempestades, e que só a sábia leitura da geometria das nuvens provê os rumos mais favoráveis à navegação.

Essa é a nossa visão; herança dos que nos antecederam, ministros, comandantes, oficiais-generais do alto-comando de ontem e de hoje, que desde sempre ofertaram o melhor de seus esforços para nos liderar em prol de uma força moderna e atuante. A mesma que, no dia 4 de setembro, recebeu o KC-390, aeronave multimissão que será a espinha dorsal da nossa aviação de transporte.

Embraer KC-390

Sob sua asas, continuaremos levando a esperança aos nossos irmãos afligidos pela seca ou pela enchente, e o socorro médico às aldeias, convertendo os céus da selva, da caatinga, do pantanal e dos pampas em caminhos da solidariedade, do patriotismo e da união nacional.

Neste ensejo, vem à memória o socorro às vítimas da tragédia de Brumadinho. Quando acionada, a Força Aérea estava pronta e colaborou, empregando suas equipes de resgate, e seus helicópteros, em prol das diversas missões ali solicitadas.

Por ocasião das enchentes provocadas por um ciclone nas terras de moçambique, a Força Aérea Brasileira deu a pronta-resposta, levando socorro, assistência e esperança às pessoas isoladas e afligidas por seus sofrimentos.

Da mesma forma, as asas que protegem o Brasil têm, diuturnamente, mobilizado meios para a força-tarefa logística humanitária em Roraima, com ações de transporte de material e pessoal, em apoio à Operação Acolhida, visando mitigar a situação de vulnerabilidade dos que ingressam em nosso país. Até o momento, já foram voadas 3.000 horas de voo, e mais de 11.000 venezuelanos interiorizados para municípios brasileiros.

Em outra frente, nossos C-130 Hércules estão participando do esforço integrado para combater os focos de incêndio da Amazônia, durante a operação verde Brasil.

Ontem e hoje, em todos os chamados, os soldados-do-ar sempre estarão prontos, para decolar rumo a locais inóspitos, e muitas vezes inacessíveis; para enfrentar situações de calamidade pública, de socorro a acidentados ou nas contínuas ações cívico-sociais.

A força aérea prossegue assim, cumprindo sua missão, inserida no contexto nacional e internacional, de forma pacífica e solidária, mantendo a soberania do espaço aéreo brasileiro e das áreas sob sua responsabilidade.

Destarte, o último dia 10 de setembro foi marcado pelo recebimento, na suécia, da primeira aeronave Gripen F-39, o FAB 4100. Um caça de última geração, marco tecnológico em aplicações estratégicas, que nos coloca em condições privilegiadas, a fim de suportar as assimetrias do mundo moderno e dos consequentes desafios impostos à manutenção da paz.

O F-39 ampliará nossos horizontes para que um caça supersônico seja produzido no Brasil, aumentando o potencial da indústria nacional de defesa para a fabricação de produtos com alto valor agregado, refletindo-se, diretamente, na geração de empregos com elevada qualificação.

Primeiro Gripen E da FAB

A Força Aérea entende que a capacidade de projeção de poder num cenário de guerra não advém apenas da disponibilidade de equipamentos com tecnologia do estado-da-arte, antes, e principalmente, está atrelada à seleção, à formação intelectual e doutrinária acurada daqueles que os operam.

Tudo começa com uma política de pessoal ágil, flexível e, principalmente, de menor custo administrativo; onde o aprimoramento das técnicas de ensino, na formação e pósformação visa preparar os homens e mulheres de azul que dão vida a nossa instituição.

São profissionais com capacitação e desempenho reconhecidos pela OACI, Organização Internacional de Aviação Civil, a mesma, que no último dia 28 de setembro, ratificou a posição de destaque do Brasil no seleto grupo dos 11 países, no mundo, que representam o sistema da aviação mundial.

Sob o comando do Departamento de Controle do Espaço Aéreo, militares e civis trabalham em perfeita integração interagências, entre órgãos governamentais e entidades aeronáuticas, no controle do espaço aéreo e dos aeroportos, garantindo a segurança de uma complexa malha aeroviária.

Da mesma forma, as mãos habilidosas dos nossos devotados especialistas, e a de todos os profissionais que fazem voar, apoiando a atividade-fim da força aérea brasileira, com integral dedicação, são recursos valiosíssimos para o cumprimento da nossa missão: manter a soberania do espaço aéreo e integrar o território nacional, com vistas à defesa da pátria.

Por isso, somos chamados a pensar estrategicamente, dado o avanço do poder dissuasório entre as nações, na busca pelo domínio também do ambiente aeroespacial.

Interagindo fortemente com todas as vertentes do desenvolvimento sócio-econômico nacional, a Força Aérea tem levado a bom termo o anseio de adequar-se à dinâmica imposta pela irrefreável evolução da tecnologia, e vê como oportuna a aprovação do acordo de salvaguardas tecnológicas.

A posição geográfica estratégica, ao sul da linha do equador, além das condições de segurança, economia e disponibilidade configuram um diferencial competitivo e representa uma oportunidade ímpar de viabilizar a entrada do centro de lançamento de alcântara no crescente mercado espacial internacional.

Nesse mister, destaca-se que, em breve, teremos, sob nossa responsabilidade, um centro de operações espaciais do mais alto nível, o Cope, que continuará garantindo o funcionamento, a operação e todos os serviços prestados pelo satélite geoestacionário de defesa e comunicação estratégica (SGDC), com finalidade dual, civil e militar.

Em síntese, estes são os esforços empreendidos pela força aérea brasileira, nos campos da ciência e tecnologia, formação e aperfeiçoamento de recursos humanos e capacitação operacional, visando à defesa do nosso espaço aéreo, ao desenvolvimento tecnológico e ao fomento da nossa industria nacional de defesa.

Caros comandados!
Mais do que nunca, a conjuntura econômica mundial impõe-nos a adoção de uma administração austera em todos os níveis, racionalizando procedimentos, reduzindo custos, buscando, incessantemente, soluções versáteis, abrangentes e inovadoras, que promovam uma interface amigável com os novos conceitos de emprego de forças armadas.

Munidos desse pensamento, cabe a todos nós: avançar, rumo ao futuro, mantendo o inabalável compromisso com os destinos da Força Aérea, unidos em torno do projeto de desenvolvimento desta pujante nação.

Ao enaltecer os atributos e virtudes de Alberto Santos-Dumont, tão presentes nos militares e civis que integram o comando da aeronáutica, rendo o meu mais elevado respeito e meu profundo orgulho em comandá-los.

Que Deus nos abençoe!

Parabéns a Força Aérea! Parabéns aviadores brasileiros!

Tenente-brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez
Comandante da Aeronáutica

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