Como o caça Gripen se sai contra o F-15, F-16, F-18, F-22, Rafale e Eurofighter?

257
Exercício Tiger Meet 2013: Gripen, Rafales, Typhoon e Tornado. Foto via Força Aérea Francesa

Por Stefan Englund – ex-tenente de engenharia da Força Aérea Sueca (1986-1991)

Falando apenas sobre as versões operacionais, o Gripen não tem problemas em enfrentar qualquer um dos caças americanos F-18, F-16 ou F-15, sendo o F-22 o único caça americano operacional que pode dar ao Gripen algum problema substancial. Como o Gripen se posiciona contra os caças europeus?

Desconfio que caças como Typhoon e Rafale, dependendo do papel de um e de outro, tenham alguma vantagem, mas devem ser bastante semelhantes em geral. Olhando para os caças contra o Gripen, um a um, começando pelos americanos, os resultados de exercícios internacionais mostram uma imagem bastante clara. Abaixo, não abordarei o F-35 ou o Gripen E, uma vez que não estão operacionais e, portanto, qualquer comparação é pura especulação.

Contra o F-16, que mais se encontrou com o Gripen em exercícios, muitas vezes durante o Red Flag, mas também na Noruega, Tailândia e exercícios europeus. Mesmo com pilotos muito inexperientes do Gripen, com poucas horas de voo, o Gripen tem vantagem. O Gripen no Red Flag Alaska 2006 mostrou o quão superior ele pode ser, mesmo com o mínimo de apoio, com poucas pessoas e longe de casa. Os pilotos de Gripen ainda não tinham treinado com a sonda de reabastecimento aéreo (eram os primeiros Gripen C/D entregues), por isso foi uma grande aventura ir da Suécia ao Alasca e permanecer operacional em um nível muito elevado.

Gripen no Red Flag Alaska, em 2006

O Red Flag 2006 foi a estreia da Suécia com o Gripen nesse tipo de exercício. Com um apoio aéreo e por radar reduzido, o Gripens conectaram seus sistemas de data-links e agiram como um mini-AWACs, tendo a consciência do campo de batalha que, em alguns aspectos, era melhor que o oponente. Sem grande esforço evitando toda a defesa do solo, marcaram 10 kills no primeiro dia, incluindo um Typhoon. Sem perdas e eles permaneceram sem serem detectados, a suíte EW (Electronic Warfare) mostrou-se muito difícil de penetrar.

Um piloto do Gripen derrubou cinco F-16 Block 50+ durante combate aéreo no Red Flag Alaska. E os Gripens nunca perderam nenhum encontro aéreo ou falharam em seus objetivos de missão. Foi o único caça que realizou a maioria das surtidas planejadas, enquanto outros ficaram no chão esperando a meteorologia melhorar. A avaliação foi de que a capacidade dos Gripens precisava ser reavaliada. O Gripen pode ser favorecido com kill rate de até 15:1 contra o F-16. E com nenhum desrespeito aos outros pilotos de caça: com os papéis trocados, eles teriam a mesma pontuação.

Durante um exercício de combate com a Força Aérea Real Norueguesa, 3 Gripens suecos enfrentaram 5 caças F-16 da RNAF. O resultado foi 5-0, 5-0, 5-1 depois de terem voado 3 surtidas.

Gripen sueco, F-16 norueguês e F-18 finlandês

O F-16 tem um TWR (Thrust-to-weight Ratio – Razão empuxo-peso) mais alta que o Gripen, mas é preciso considerar o arrasto e a carga alar também. O Gripen tem um arrasto muito menor. E carga alar muito mais baixa. Ele pode atingir velocidades supersônicas em empuxo seco enquanto carrega um armamento completo de quatro AMRAAMs, dois Sidewinders e um tanque de combustível externo. Mesmo que o Gripen não tenha a TWR do F-16, ele pode quase igualá-lo na taxa de subida graças ao arrasto menor.

A diferença no papel pode não parecer muita coisa, mas, olhando para a eficácia do campo de batalha, é um mundo à parte. O Gripen é um caça moderno, de projeto mais recente que o F-16.

Exercícios com o F-18 não são tão comuns, mas ocorrem com mais frequência durante operações com a Força Aérea Finlandesa. Em BVR nem o F-16 e o F-18 chega perto, mas parece que o F-18 em um merge se sai muito bem em grandes altitudes, mas isso muda com a altitude decrescente e abaixo de 2.000 metros não é páreo para o Gripen. Não tenho pontuações, mas suspeito que o Gripen tenha pontuado um pouco menos contra o F-18 do que contra o F-16, dependendo da altitude, mas não com muito.

Gripen sueco e F-18 finlandês no Artic Challenge 2013 – foto Força Aérea Sueca

O avião que parece capaz de manter distância é o F-15. Os F-15 também têm a vantagem de poder desengajar se a situação for desfavorável.

O único encontro entre F-15 e Gripen que eu conheço foi durante o exercício Loyal Arrow na Suécia, no qual 3 caças F-15C da USAF foram interceptados por um único Gripen agindo como agressor. O resultado foi o abate de dois F-15 e um conseguiu escapar devido usando sua melhor razão empuxo-peso. Para a defesa dos F-15, eles estavam no quintal dos Gripens. O F-15 pode ficar de fora de um combate com um Gripen, mantendo-o à distância, usando BVR se eles puderem detectá-lo e evitando os Meteors do Gripen, mas não é uma estratégia sábia engajar.

O F-22 é o único caça que tem vantagem sobre o Gripen. Em relação a outros caças, o Gripen tem uma das pontuações mais altas contra o Raptor. Em comparação com o Typhoon, a diferença não é grande, mas o Raptor ainda está em vantagem. Por sua idade, o F-22 é um avião mais do que impressionante em muitos aspectos. O que afeta o Raptor negativamente nesse contexto é a idade do avião e a necessidade de atualização do conjunto de sensores para mantê-lo superior na arena de superioridade aérea.

Exercício Pitch Black 2014: Hornet, Super Hornet, Mirage 2000-9, Gripen, F-15 e F-16
F-22 Raptor

O F-22 é, no meu ponto de vista, o único avião que tem um potencial de atualização superior se ele fosse objeto de uma atualização equivalente ao Gripen E. Significando fuselagem semelhante, mas nova, interior e arquitetura completamente novos, suíte de sensores e aviônicos.

Observando a arquitetura usada no Gripen E, um custo de atualização do Raptor “NG” seria menor do que qualquer um pode imaginar e se tornaria um caça em potencial da 6ª Geração a um custo relativamente baixo. Provavelmente se tornaria mais ou menos intocável, que não é o caso do já existente. Não entenda mal, o F-22 é superior ou, como um piloto do Gripen disse no Red Flag 2013, “o F-22 funciona como anunciado”. Apenas é triste ver que o número desses aviões é limitado.

Contra o Rafale e o Typhoon, não tenho registros, mas o que sei é que os pilotos dos caças Typhoon chamavam o Gripen de “bucha de canhão” na chegada ao Red Flag Alaska, mas mudaram de ideia muito rapidamente e ficaram muito mais humildes depois de alguns combates.

Caça Saab Gripen C armado com mísseis Meteor e AMRAAM

Não há caças operacionais superiores ao Gripen, exceto o F-22. Mas o Gripen tem limites, é um avião pequeno e com isso possui radar menor, leva menos carga e combustível. Mas o baixo custo de voo, manutenção, acessibilidade e retorno superiores compensam muito isso.

O Gripen está entre os caças mais subestimados que voam hoje. Durante a campanha da Líbia foi usado inicialmente como recurso tático, mas logo depois foi atualizado como um recurso estratégico. Também na Líbia, nenhuma missão foi cancelada devido a problemas técnicos no Gripen. E não, ele não é invencível, apenas subestimado.

Então, acima, quando falo do Gripen, não apenas quero dizer o avião, mas como ele é conectado em rede, a fusão exclusiva de sensores que lhe confere uma consciência situacional superior no campo de batalha, flexibilidade, acessibilidade e outras habilidades. E ainda estou falando do Gripen C/D, única versão operacional. Não há caça, exceto o F-22, hoje operacional que seja superior ao Gripen em rede. E todos os que voaram contra ele sabem disso.

COMENTÁRIOS DA USAF SOBRE O DESEMPENHO DO GRIPEN NO RED FLAG ALASKA 2006

COMENTÁRIO DA OTAN SOBRE O DESEMPENHO DO GRIPEN NA OPERAÇÃO UNIFIED PROTECTOR 2011 NA LÍBIA

AVISO DO AUTOR: O texto acima pode parecer enviesado, mas é baseado em registros públicos, relatórios públicos (relatórios de testes, registros financeiros e políticos tornados públicos, etc.) e conversas de fórum. Informações que qualquer pessoa pode obter com algum esforço.

FONTE: Quora.com / Tradução e adaptação do Poder Aéreo

wpDiscuz