Quando terminou a Segunda Guerra Mundial, a paz teve pouco tempo de duração. Em 1946 a União Soviética já se revelava uma ameaça ideológica e militar ao Ocidente. Aos poucos, Stalin tomava a direção dos países controlados pelo Exército Vermelho. Era a “cortina de ferro” baixando sobre a Europa, mencionada por Winston Churchill.

Tal como os EUA e  Inglaterra, os soviéticos tiveram acesso às tecnologias militares que surgiram durante a Guerra. Além dos primeiros jatos russos MiG-9 e Yak15 surgirem em 1946, Josef Stalin fez outra surpresa em agosto de 1947, quando 3 bombardeiros apareceram num sobrevoo no Dia da Aviação, com a presença de observadores estrangeiros.

O Tu-4 parecia uma cópia exata do Boeing B-29, o mais avançado bombardeiro americano da época. Inicialmente os americanos pensaram que os aviões eram os três que tinham sido obrigados a pousar na Rússia, mas durante a apresentação apareceu um quarto avião do mesmo tipo modificado.

Durante quase 50 anos os detalhes da inacreditável história do Tu-4 continuariam segredo para o Ocidente.

Stalin, impressionado com o papel do bombardeiro estratégico sobre a Alemanha e o Japão, suspendeu os trabalhos de desenvolvimento de aviões de projeto soviético em 1944 e ordenou a Andrei Tupolev, que tinha passado a guerra numa prisão, com outros engenheiros e cientistas, que copiasse o B-29.

Tupolev desmontou um dos B-29 que pousaram na Rússia, peça por peça e entregou os desenhos detalhados aos responsáveis pela fabricação.

O processo de cópia de uma aeronave tão complexa era muito difícil, mas foi de alta qualidade. O Tu-4 era tão preciso que Tupolev chegou a incluir buracos de perfurações de projéteis remendados que estavam presentes no avião americano, com medo de ter que explicar qualquer discrepância à KGB.

Graças a Tupolev, Stalin passou a contar com uma frota de bombardeiros capazes de atacar a Europa e o território americano numa viagem só de ida. Em 1949, os soviéticos fizeram o primeiro teste de bomba atômica, juntando o útil ao agradável. Tinha acabado o monopólio americano das armas nucleares e dos meios de lançá-las.

Tu-4 convertido em avião tanque reabastecendo caças MiG-15

Pequenas diferenças técnicas

Os russos usaram um motor diferente, o Shvetsov ASh-73, que era parecido com o Wright R-3350 do B-29. Os canhões de controle remoto das torretas foram modificados para usar canhões de 23mm.

A URSS usava o sistema métrico de medidas e as chapas de alumínio de 1/16th (1,6mm) não estavam disponíveis. A espessura métrica do metal equivalente era maior e sendo assim, o Tu-4 ficou 1.400kg mais pesado que o B-29.

Foram produzidas 847 aeronaves que voaram até 1960.

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