MiG-21 Bison da IAF

Essa foi a última chamada de rádio do MiG-21 Bison do Wing Commander (Comandante de Ala) Abhinandan Varthaman, da IAF, antes dele apertar um botão nos seus comandos, lançando a única arma disparada pelos oito jatos indianos no ar naquele momento. A arma que ele disparou, um Vympel R-73, foi vista atingindo o jato que ele estava perseguindo pela Linha de Controle (LoC).

Seu próprio receptor de alerta radar estava indicando que sua aeronave estava sendo “iluminada” por outro radar naquele momento, e enquanto ele disse ter tentado lançar contramedidas para se evadir do inimigo, seu avião foi atingido por um míssil AIM-120 AMRAAM, derrubando ele e seu jato na Linha de Controle na Caxemira ocupada pelo Paquistão.

A palavra “visual” é, curiosamente, típica de pilotos da Força Aérea dos EUA para “aeronave amiga à vista”, em oposição a “tally”, que denota uma aeronave inimiga em alcance visual.

O Livefist teve a chance de revisar dados de debrief selecionados e conversar com oficiais da Força Aérea Indiana familiarizados com o confronto aéreo sem precedentes na manhã de 27 de fevereiro.

Na manhã de 27 de fevereiro – um dia depois dos ataques aéreos indianos em Balakot, Paquistão – a Força Aérea Indiana tinha duas patrulhas aéreas de combate em posição na área de Jammu e Caxemira – um par de Mirage 2000 modernizados e dois Su-30 MKIs atualizados, uma com um Embraer/DRDO EMB-145I Netra e outra com um Beriev/IAI A-50EI Phalcon supervisionando a área.

O alerta inicial do pacote de caças da Força Aérea do Paquistão que se aproximava foi dado por radares terrestres. A força de ataque era grande, compreendendo pelo menos 24 jatos da PAF em formações soltas separadas. Entre os jatos estavam pelo menos três aeronaves Dassault Mirage III equipadas com armas para o ataque. Quando a formação vinda do Paquistão cruzou o espaço aéreo sobre o PoK (Pakistan-occupied Kashmir), a Força Aérea Indiana acionou seis interceptadores de MiG-21 “Bison” – três da base de Srinagar e três de Avantipora.

Os jatos paquistaneses estavam vindo de oeste para sul, a partir de uma direção ocidental. Uma formação mista muito espaçada de Mirage III empregou bombas de planeio guiadas H-4 com ogivas penetrantes em instalações militares indianas no setor Rajouri, com algumas delas atingindo terrenos militares, mas sem causar danos a estruturas ou edifícios do estabelecimento.

O Livefist teve a oportunidade de rever fotografias dos fragmentos das armas recuperadas no lado indiano, incluindo a seção da aleta direita de uma bomba H-4 com o número de série “P695”.

As fotografias, aparentemente refutando as afirmações paquistanesas de que seus ataques foram deliberadamente mal direcionados apenas para enviar uma resposta à Índia após o ataque de Balakot, fazem parte de um dossiê da Força Aérea Indiana sobre os procedimentos do dia que serão submetidos ao governo nesta semana. A conclusão oficial da IAF neste dossiê é que as bombas H-4 foram usadas especificamente para causar danos.

Sukhoi Su-30 da IAF

Quando ocorreram os ataques, uma batalha aérea começou com os dois Su-30 indianos relatando (em seus debriefings) repetidos travamentos de radar do que eles dizem ser F-16s paquistaneses além do alcance visual, e manobrando para escapar da posição para o disparo de armas. Fontes da IAF indicaram ao LiveFist que os F-16 estavam procurando especificamente derrubar um Su-30 – algo que teria sido uma grande perda para a IAF.

Os Su-30 (e mais tarde, três dos MiG-21) teriam voado padrões para permanecerem “cinematicamente seguros” contra os repetidos engajamentos com mísseis AMRAAM, mesmo quando a distância entre os jatos indianos e paquistaneses se aproximasse vagamente sobre a Linha de Controle. A seqüência de manobras evasivas contra os radares dos F-16 continuou por vários minutos, com as aeronaves paquistanesas repetidamente tentando sustentar os travamentos nos Su-30 MKIs o tempo suficiente para disparos significativos. Fontes dizem que os três AMRAAMs foram lançados na DMAX-1, a zona de ataque dinâmico onde o míssil é lançado nos limites de seu alcance. Nas três ocasiões, os Su-30 usaram contramedidas para evitar as armas que chegavam.

Enquanto os outros jatos, incluindo o Mirage 2000, também registraram travamentos neles dos F-16 neles, o MiG-21 da Wing Commander Abhinandan também estava travado por um AMRAAM. No entanto, ele estava agora totalmente dentro do alcance visual de um F-16 que estava se afastando para acelerar de volta para a Caxemira ocupada pelo Paquistão.

F-16 do Paquistão

O Livefist entende que o Wing Commander respondeu a dois avisos de controladores de radar para que retornasse (pois ele estava a poucos minutos de entrar no espaço aéreo hostil) com avisos de radar dizendo que ele tinha uma aeronave no alcance visual e estava tentando travar suas armas manualmente. Momentos depois, com o travamento confirmado, ele deu uma última chamada dizendo que tinha o tom de travamento, antes de lançar um único míssil Vympel R-73. O piloto registraria mais tarde em um interrogatório que viu seu míssil atingir o F-16 em retirada na seção traseira esquerda e que foi derrubado. Momentos depois, quando o Comandante de Ala Abhinandan iniciou manobras evasivas para derrotar o AMRAAM, o míssil atingiu seu MiG-21, forçando o piloto a ejetar.

O R-73 disparado pelo Wing Commander Abhinandan foi a única arma indiana lançada durante o combate aéreo, o que levou a Força Aérea Indiana a atribuir oficialmente a ele o abate do F-16. Nenhum dos outros jatos lançaram armas – fontes da IAF sugerem que isso ocorreu devido à falta de soluções de tiro para alvos além do alcance visual, embora isso seja objeto de investigação. Também é provável que as regras de engajamento tenham sido modificadas, embora a IAF tenha se recusado a confirmar ou negar. Várias dessas questões permanecem sem resposta até o momento, incluindo o motivo pelo qual até mesmo um grande grupo de aeronaves inimigas foi capaz de testar a capacidade de “superioridade aérea” do Su-30 MKI, o carro-chefe da Força Aérea Indiana.

Se o MiG-21 de Abhinandan não conseguisse derrubar um jato do PAF, os procedimentos acima mencionados no setor de Sunderbani em 27 de fevereiro provavelmente atrairiam um exame muito mais abrangente. Especialistas acreditam que isto ainda deveria acontecer.

Avaliação de dados obtidos por OSINT (Open Source Intelligence) das aeronaves da IAF e da PAF em 27 de fevereiro de 2019. Clique na imagem para ampliar

FONTE: LiveFist / TRADUÇÃO: Sérgio Santana

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