Airbus A380: final de um sonho
Por Valter Andrade
A Airbus anunciou que vai parar de produzir o A380, o maior avião de passageiros do mundo, informam as agências internacionais de notícias nesta quinta-feira (14). O último modelo será entregue em 2021.
“Não temos nenhuma base para sustentar a produção, apesar de todos os nossos esforços de vendas para outras companhias aéreas nos últimos anos”, disse Tom Enders, CEO da Airbus, segundo informa a rede CNN.
A empresa decidiu encerrar a fabricação após seu maior cliente da aeronave, a Emirates, reduzir pedidos. Os planos da Airbus foram prejudicados por companhias aéreas que voltaram atenções para jatos de passageiros mais leves e mais econômicos.
A Airbus entregou 234 aeronaves A380 até hoje, menos de um quarto dos 1.200 que previstos para venda. A Emirates tem cem A380 em sua frota. O avião pode transportar mais de 800 passageiros.
“O anúncio de hoje é doloroso para nós e para as comunidades do A380 em todo o mundo”, disse Enders. “Mas os A380 ainda voarão por muitos anos e a Airbus continuará apoiando as operadoras do A380”.
O A380 fez seu primeiro voo há exatos quatorze anos em 27 de abril de 2005 entrando em serviço comercial em outubro de 2007, com a Singapore Airlines.
O ousado projeto desta aeronave na realidade começa em 1988, quando um grupo de engenheiros da Airbus, capitaneada por Jean Roeder, iniciou trabalhos em segredo para desenvolver um avião com alta capacidade de transporte, que completaria sua própria gama de produtos buscando quebrar a hegemonia da Boeing que já estava neste segmento de mercado desde o início dos anos 70 com o icônico 747.
Em junho de 1990 após uma apresentação formal ao presidente e CEO. O gigante foi oficialmente anunciado durante a feira internacional de aviação de Farnborough, com a promessa de custos operacionais 15% mais baixos do que o 747-400.
As principais seções estruturais do A380 eram construídas na França, Alemanha, Espanha e Reino Unido. Devido ao grande tamanho dos componentes, os métodos de transporte tradicionais eram inviáveis, para que eles fossem transportados para a fábrica em Toulouse, mesmo com algumas partes sendo levadas pelo Airbus Beluga, aeronave utilizada no transporte de outros modelos do fabricante europeu. Os diversos componentes do A380 eram fornecidos por empresas de todo o mundo. Sendo os quatro maiores contribuintes em valores a Rolls-Royce, Safran, United Technologies Corporation e General Electric.
O A380 inicialmente foi oferecido em duas opções, o A380-800 e uma versão cargueira, o A380F. Em sua configuração original o A380-800, teria capacidade de transporte para 555 passageiros numa configuração de três classes ou até 853 passageiros (538 no andar inferior e 315 no andar superior) em configuração de única classe.
Em maio de 2007, a Airbus inicializou a comercialização com uma configuração e redução de 30 passageiros, (525 em três classes), mas com um maior alcance, melhorando as acomodações da classe business.
O alcance para o modelo 800 é de 15 700 km), sendo capaz de voar de Hong Kong a Nova Iorque ou de Sydney para Istambul, sem escalas. O segundo modelo, o cargueiro A380F, levaria até 150 toneladas de carga, com um alcance de 10 400 km.
O desenvolvimento do cargueiro foi paralisado, com a Airbus priorizando a versão de passageiros, sendo que todos pedidos do cargueiro foram cancelados. Os modelos futuros poderiam incluir a versão 900, com cerca de 656 passageiros (ou até 960 passageiros em uma única classe) e um alcance maior com a mesma capacidade de passageiros que o modelo 800.
Para levar este gigante aos céus ele podia utilizar dois tipos de motores turbofan, o Rolls-Royce Trent 900 com empuxo de 70.000 libras (para os modelos A380-841 e -842) ou o Engine Alliance GP7000 (para o modelo A380-861).
O Trent 900 é um derivado do Trent 800, e o GP7000 (70.000 a 81.500 llibras de empuxo) é derivado do GE90 e PW4000.
O Trent 900 é uma versão reduzida do Trent 500, mas incorpora a tecnologia do Trent 8104.