Comandante sueco diz que novo Gripen é matador de Sukhois – e stealth é irrelevante
Por Alex Lockie
- A Força Aérea da Suécia diz que seus caças Gripen E são projetados para matar os temíveis caças Sukhoi da Rússia, e que eles são “faixa preta” nesse tipo de combate.
- O Gripen E não pode carregar uma carga muito grande de armas e não possui uma verdadeira capacidade stealth. E não é o jato com maior alcance, o mais rápido ou mais barato. Mas tem uma capacidade de guerra eletrônica maciça e respeitada.
- O Gripen E é a solução barata da Suécia para derrotar jatos de combate e mísseis terra-ar da Rússia, e a Rússia provavelmente não pode fazer muito a respeito.
O comandante da Força Aérea da Suécia, Mats Helgesson, fez recentemente a afirmação ousada de que o caça Saab Gripen E de seu país pode superar a formidável frota de jatos Sukhoi da Rússia, sem nenhuma das caras tecnologias stealth dos EUA.
“O Gripen, especialmente o modelo E, é projetado para matar Sukhois. Nós temos a faixa preta” nesse tipo de combate, Helgesson disse ao site Yle em uma apresentação na Finlândia, onde a Suécia está tentando exportar os jatos.
Os caças Sukhoi da Rússia alcançaram uma espécie de status lendário por sua capacidade de manobrar melhor que aviões de combate dos EUA em combates aéreos e fazer acrobacias perigosas e agressivas no ar, mas o Gripen pode ter “quebrado o código”.
O Gripen pode não carregar muitas armas e não possuir uma verdadeira capacidade furtiva. E não é o jato com maior alcance, nem o mais veloz ou o mais barato. Mas tem um foco singular que faz dele um pesadelo para os caças russos.
Justin Bronk, um especialista em combate aéreo do Royal United Services Institute, disse ao Business Insider que, como o A-10 Warthog foi construído em torno de um canhão enorme, o Gripen foi construído em torno da guerra eletrônica.
Praticamente todos os jatos modernos realizam algum tipo de guerra eletrônica, mas o Gripen E fica acima do resto, de acordo com Bronk.
Os pilotos do Gripen não gostam de mostrar suas cartas, demonstrando o poder total da capacidade de interferência (jamming) do jato em treinamentos. Mas a única vez que eles fizeram isso, inverteram completamente o curso da batalha simulada no treinamento, disse Bronk.
“Vários anos atrás, os pilotos do Gripen se cansaram de ser ridicularizados pelos pilotos alemães do Typhoon e tiveram que demonstrar sua capacidade de bloqueio eletrônico de tempos de guerra e deram a eles uma tremenda dificuldade”, disse Bronk. Um dos Gripens foi “supostamente capaz de aparecer na asa esquerda de um Typhoon sem ser detectado” usando sua capacidade de interferência eletrônica “extremamente respeitada”, disse Bronk.
“Seria justo supor que o Gripen é um dos mais capazes combatentes eletrônicos do mundo”, disse ele, acrescentando que os Gripen que desconcertaram os Typhoons foram da série C/D, que têm capacidades de guerra eletrônica muito menos poderosas do que os Gripens da série E que Helgesson descreveu.
Quem precisa de furtividade?
Para derrotar os terríveis caças da Rússia e seus os mísseis terra-ar, os EUA se voltaram em grande parte para aeronaves furtivas (stealth). A furtividade custa uma fortuna e deve ser construída em torno do formato do avião.
Se a Rússia de alguma forma quebrar o código de detecção de caças furtivos, o F-35 dos EUA – o sistema de armas mais caro da história – está condenado.
Mas a Saab adotou uma abordagem diferente e mais barata para combater os caças e mísseis da Rússia, concentrando-se no ataque eletrônico (jamming), o que lhes dá uma vantagem sobre a furtividade, porque eles podem evoluir o software sem uma reconstrução completa da aeronave, de acordo com Bronk.
A Saab planeja atualizar o software no Gripen E a cada dois anos, dando-lhe mais flexibilidade para enfrentar os desafios em evolução, de acordo com Bronk.
Mas Bronk observou um problema com a guerra eletrônica.
“O problema de basear uma estratégia de sobrevivência em torno de uma suíte de guerra eletrônica é que você realmente não sabe se ela vai funcionar”, disse ele. “Mesmo que isso aconteça, será uma batalha constante entre o seu adversário e você” para obter vantagem sobre os caças inimigos, pois as formas de onda e os métodos de ataque mudam continuamente.
No entanto, a Suécia se beneficia de um foco russo sobre caças norte-americanos. “A Suécia é pequena demais para ser o foco de preocupação da Rússia em otimizar suas capacidades de guerra contra-eletrônica”, disse Bronk.
Se a guerra estourasse entre a Rússia e o Ocidente, a Rússia provavelmente se esforçaria para superar a guerra eletrônica dos EUA, ao invés de ir contra o Gripen E da Suécia, do qual haveria apenas algumas dúzias de aeronaves.
Flankers, cuidado!
Todo o conceito do Gripen E é “operar em território sueco, aproveitar todos os tipos de terrenos acidentados sob a cobertura de mísseis terra-ar amigos com uma excelente suíte de EW (Electronic Warfare) que deveria, em teoria, mantê-lo a salvo da maioria dos mísseis e ameaças aéreas russas”, disse Bronk.
Além disso, o Gripen E pode disparar quase qualquer tipo de míssil feito nos EUA ou na Europa.
“Se você acoplar um radar muito eficiente com uma excelente capacidade de EW e um míssil Meteor, o mais eficaz míssil ar-ar de maior alcance que é resistente contra jammers da Rússia… não há razão para assumir que não seria muito eficaz, Bronk disse. “Se você é um piloto flanker, será provavelmente uma coisa muito assustadora para enfrentar.”
FONTE: Business Insider Australia