Caça J-10 pode prejudicar o JF-17 sino-paquistanês no mercado internacional
Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Aéreo
Há pelo menos cinco anos que o projeto do caça sino-paquistanês JF-17 Thunder (FC-1 para os chineses) vem tentando se impor no mercado internacional como um jato militar de 4ª geração (eletrônica) e custo modesto.
Os resultados, até agora, são pequenos.
Encomendas, mesmo, só as das forças aéreas do próprio Paquistão e da vizinha Myanmar (antiga Birmânia). A Nigéria promete, há mais de um ano, ficar com três exemplares, para testes. Arábia Saudita, Egito, Argentina, Bangladesh, Sri Lanka e Irã manifestaram interesse na aeronave, mas depois recuaram.
Mais recentemente o Thunder vem sendo confrontado com um outro novato na faixa dos caças leves: o indiano LCA Tejas. Nesse momento, ambos disputam a preferência da Aviação Militar da Malaísia.
Agora, o sofrido JF-17 precisa enfrentar outro oponente, representante da vigorosa indústria aeronáutica chinesa: o interceptador Chengdu J-10 – cujo nome é Dragão Vigoroso.
Os detalhes dessa competição são bem conhecidos dos fabricantes do J-10. Afinal, a Chengdu é a mesma indústria que, em parceria com o Pakistani Aeronautical Complex, projetou e fabrica o Thunder.
Nesse momento, dirigentes da fábrica chinesa lidam com duas corporações militares asiáticas que parecem vivamente interessadas no J-10: as forças aéreas do Laos e de Bangladesh (antiga Bengala Oriental).
MiG – Cercados por nações da Indochina – Tailândia e Vietnã – muito mais poderosas pelo ar, os laosianos acabam de importar um lote de jatos russos de treinamento avançado Yakovlev Yak-130, próprios para a formação de pilotos de combate, e sinalizam estar determinados a providenciar um substituto para os seus caças de 1ª linha: os antiquados MiG-21, fabricados na extinta União Soviética.
Bangladesh que, para o desgosto da vizinha Índia, vem importando quantidades crescentes de material militar chinês (especialmente para a Marinha), também estaria firmemente interessada no J-10.
O portal de notícias militares chinesas ChinaMil (China Military Online) informou, nesta quinta-feira (24.01), que tanto o governo de Vientiane como o de Daca, teriam capacidade de absorver entre um e dois esquadrões de J-10 – ou seja, entre 12 e 24 unidades do avião.
De acordo com o ChinaMil, o valor unitário da versão básica do J-10 está no patamar dos 30/35 milhões de dólares (a do JF-17 fica entre 25 e 30 milhões).
No final do ano passado, o Comandante do Exército paquistanês, general de quatro estrelas Qamar Javed Bajwa, de 59 anos, sentou na nacele de um J-10 durante o exercício aéreo conjunto China-Paquistão Shaheen VII. O pessoal da Chengdu ficou animado com a perspectiva de os paquistaneses adotarem seu novo caça, mas depois disso veio só o silêncio.
Aos observadores do Ocidente parece pouco provável que os militares de Islamabad, que apoiam o esforço de sua indústria para exportar o JF-17, possam, agora, curvar-se ao J-10 – jato considerado de 4,5º geração, equivalente ao Lockheed Martin F-16 (que o Paquistão já opera).