Pentágono admite que China ultrapassa EUA em algumas tecnologias
- A Agência de Inteligência de Defesa dos EUA diz que as regras chinesas que forçam parceiros comerciais estrangeiros a divulgar segredos técnicos levaram a grandes avanços militares na China.
- Os avanços “permitirão que a China imponha sua vontade na região”, diz o relatório
A China está à beira de colocar em campo alguns dos sistemas de armas mais avançados do mundo – e em alguns casos já superou todos os rivais, incluindo os EUA, segundo uma avaliação do Pentágono divulgada na terça-feira.
Um relatório não confidencial da Agência de Inteligência da Defesa disse que Pequim fez enormes avanços militares nos últimos anos, graças em parte às leis domésticas que forçam os parceiros estrangeiros a divulgar segredos técnicos em troca do acesso ao vasto mercado da China.
“O resultado dessa abordagem multifacetada para a aquisição de tecnologia é um PLA (Exército de Libertação Popular) prestes a colocar em campo alguns dos sistemas de armas mais modernos do mundo”, afirma o relatório, intitulado “Poder militar da China”.
“Em algumas áreas, já lidera o mundo.”
O crescente poder militar da China significa que ela tem capacidades avançadas no ar, no mar, no espaço e no ciberespaço que “permitirão à China impor sua vontade na região”, observa o relatório.
Pequim disse que não hesitará em usar a força se Taiwan declarar independência formalmente, ou no caso de intervenção externa – inclusive dos Estados Unidos, o aliado não oficial mais poderoso da ilha.
Falando aos repórteres do Pentágono, um alto funcionário da inteligência de defesa disse estar preocupado que as forças armadas da China estejam avançadas o suficiente para que os generais do PLA se sintam confiantes de que podem invadir Taiwan.
“A maior preocupação é que, à medida que muitas dessas tecnologias amadureçam [a China] chegará a um ponto em que internamente suas decisões decidirão que usar a força militar para um conflito regional é algo mais iminente”, disse o funcionário em condição de anonimato.
Taiwan é uma ilha autônoma e tem sua própria moeda, bandeira e governo, mas não é reconhecida como um estado independente pelas Nações Unidas.
Ainda assim, observou o oficial, a China não lutou em uma guerra por 40 anos e sua estrutura massiva de comando militar e conjunto carece de experiência em conflitos do mundo real.
“Vai levar um tempo para que o PLA possa trabalhar esses serviços militares conjuntamente, para poder trabalhar nesses teatros conjuntos e ser capaz de lidar com uma operação grande e complexa”, disse a autoridade.
O relatório de inteligência disse que a China está desenvolvendo novos bombardeiros furtivos de médio e longo alcance capazes de atingir alvos regionais e globais.
Esses aviões provavelmente atingirão a capacidade operacional inicial por volta de 2025, observa o relatório.
O funcionário acrescentou que a China mantém grande parte do seu desenvolvimento militar através da realização de pesquisas em complexos subterrâneos, longe dos olhares indiscretos dos satélites.
FONTE: South China Morning Post/Agence France-Presse