Rússia reforçará baterias antiaéreas da Síria em resposta a Israel
Kremlin reitera avaliação de que derrubada de aeronave que matou 15 soldados russos na semana passada foi provocada por Israel
MOSCOU — O governo da Rússia reiterou nesta segunda-feira que considera os militares israelenses culpados pela derrubada de um avião de reconhecimento russo pela defesa antiaérea síria, na semana passada, e afirmou que o incidente prejudicará as relações russo-israelenses. Na última sexta-feira, o governo de Israel havia afirmado que conseguira provar sua inocência no incidente, ocorrido na terça-feira da semana passada.
— A destruição do avião causou a morte de 15 dos nossos soldados. Segundo as informações de nossos especialistas militares, houve atos premeditados dos pilotos israelenses, algo que só pode prejudicar nossas relações [com Israel] — disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, confirmando a avaliação inicial do Ministério da Defesa russo, de que um jato israelense usou a cobertura do avião russo para atacar alvos iranianos na Síria.
Em reação ao incidente, o Ministério da Defesa russo anunciou que vai reforçar a defesa antiaérea síria com baterias S-300 e bloqueará as comunicações no Mediterrâneo entre os aviões que bombardeiem a Síria.
O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, informou que os militares sírios já foram treinados para usar esse sistema de defesa, que originalmente iria ser enviado à Síria em 2013. Segundo ele, a entrega havia sido suspensa “a pedido de Israel”.
— No entanto, a situação mudou nos últimos dias — frisou Shoigu.
Nas regiões costeiras da Síria no Mediterrâneo, acrescentou ele, “a navegação por satélite, os radares de bordo e os sistemas de comunicação de aviões militares que estejam atacando alvos em território sírio serão bloqueados”.
Para o Kremlin, a aeronave russa foi usada como “escudo” contra os mísseis sírios no incidente.
— Estamos convencidos de que nossas medidas vão esfriar o ardor de alguns e impedirão ações irrefletidas que são uma ameaça para nossos soldados — avisou Shoigu.
Apesar das implicações diretas das palavras de Shoigu, o porta-voz do Kremlin disse que a decisão russa sobre os S-300 “não estava dirigida a nenhum terceiro país”.
— A Rússia precisa aumentar a segurança de suas forças e isso deve estar claro para todo mundo — afirmou.
No momento, há sistemas antiaéreos S-300 implantados em torno da base naval russa de Tartus, no território sírio. Há sistemas ainda mais modernos (S-400) na base aérea russa de Khmeimim, no Oeste da Síria. Nos dois casos, os sistemas são operados pelos russos, e não pelos sírios.
FONTE: O Globo/Agências Internacionais