Israel: Boeing pode vetar oferta de avião-tanque da IAI
A Boeing não permitirá que a Israel Aerospace Industries converta seus aviões em configurações de reabastecimento aéreo para a IAF
Enquanto a Israel Aerospace Industries (IAI) pretende ser a fornecedora de um dos maiores programas de aquisição de defesa israelense nos próximos anos, para aviões-tanque para a Força Aérea de Israel (IAF), a gigante aeroespacial americana Boeing pode colocar um sério obstáculo em seu caminho. Fontes informam ao Globes que a Boeing não concederá licenças à IAI para converter seus aviões para a configuração de reabastecedores. Tal restrição significa que a IAI pode ficar fora da corrida para fornecer os novos aviões-tanque da Força Aérea de Israel, pois sua proposta é baseada na compra de aeronaves Boeing 767 usadas no mercado aberto e na conversão para reabastecimento aéreo de aviões de combate.
A Boeing tem um claro interesse em retirar a IAI do programa de compras que vem tomando forma no Ministério da Defesa e na Força Aérea Israelense por um longo tempo, já que é considerado o principal candidato para ganhar a encomenda, estimada em centenas de milhões de dólares. A Boeing está oferecendo à Força Aérea de Israel seu novo KC-46, que também é baseado no 767. Um primeiro avião desse tipo será entregue em dois meses à Força Aérea dos EUA, que receberá quase 200 deles nos próximos anos.
A IAI, que já venceu negócios semelhantes no Brasil e na Colômbia e concorreu a outros contratos, está convencida de que sua proposta é mais atraente do que a da Boeing, já que pode vender essas aeronaves à Força Aérea de Israel pela metade do preço. O KC-46 custa de US$ 250 a US$ 300 milhões, enquanto a IAI está oferecendo sua aeronave convertida por US$ 150 milhões, sem redução significativa de capacidade e desempenho.
Empregos para 500 trabalhadores
Fontes de defesa afirmaram nos últimos dias que o trabalho no programa não está completo e que o assunto ainda não foi considerado nos mais altos níveis das IDF (Israel Defense Forces) e do Ministério da Defesa. No entanto, as empresas de defesa de Israel têm a impressão de que o Ministério da Defesa pretende comprar os aviões da Boeing, entre outras coisas, a fim de permitir que o acordo que está sendo formulado seja financiado por ajuda militar dos EUA. A essa consideração acrescenta-se a nova limitação que impedirá que Israel converta um quarto da ajuda em shekels, como fez no passado, a fim de usá-lo para aquisições em Israel.
Fontes da indústria de defesa alertam que a decisão de comprar aviões nos Estados Unidos representará um golpe para a IAI e comprometerá os empregos de pelo menos 500 funcionários. A questão está criando tensão na IAI, que precisa muito desse pedido do Ministério da Defesa, tanto quanto para preservar seu know-how e consolidar seu status em aviões-tanque, área na qual apenas Airbus, Boeing e IAI operam.
A restrição que a Boeing deve colocar à IAI no contexto da licitação para fornecer aviões-tanque à Força Aérea de Israel é bem conhecida do establishment de defesa israelense. “Esta é uma restrição séria, lamentavelmente, e há um arrependimento genuíno, a IAI está excluída do processo”, disse uma fonte de defesa envolvida no assunto ao Globes.
Segundo a fonte, qualquer aeronave da Boeing que a IAI converter de configuração de passageiros para configuração de carga ou tanque de combustível deve receber uma autorização especial da Boeing, como fabricante e dona da propriedade intelectual no projeto da aeronave. Uma fonte próxima à Boeing confirmou isso ao Globes e disse que, para receber as licenças necessárias, para cada aeronave da Boeing que a IAI converte para um uso diferente, paga à Boeing entre US$ 500 mil e US$ 1 milhão. “Como faria sentido para a Boeing dar à IAI tal permissão quando está concorrendo contra ela na mesma disputa?” disse a fonte.
Os atuais aviões-tanque da Força Aérea de Israel são Boeing 707 convertidos pela IAI no início dos anos 80, e a IAF procura substituí-los.