Jatos L-39NG senegaleses terão mísseis Sidewinder na ponta das asas
Roberto Lopes
Especial para o Poder Aéreo
O ex-piloto de provas da companhia italiana Alenia, Marco Venanzetti, atual vice-presidente executivo do programa L-39NG na empresa checa Aero Vodochody, disse ao portal de notícias IHS Jane’s Defense Weekly que os quatro jatos subsônicos desse modelo (de treinamento de pilotos e ataque leve) recentemente vendidos à Aviação Militar do Senegal, serão configurados com capacidade para o combate ar-ar, por meio da instalação de mísseis AIM-9L Sidewinder, americanos, na ponta das asas.
As aeronaves ainda não foram entregues. O cliente africano só as receberá no período de 2020 a 2021.
A versão original do L-39, que começou a voar em 2010, transportava tanques de combustível na ponta das asas, equipamento que agora será substituído pelos vetores Sidewinder. A inovação precisará, contudo do nihil obstat (“nada obsta”) do governo americano e de certificações tanto do fabricante europeu, quanto do Armée de L’Air Sénégalaise (nos céus do Senegal).
Essas verificações de adequação do novo armamento à aeronave vão (1) determinar em quê a nova carga externa altera o comportamento do jato durante os diferentes envelopes de voo, bem como (2) atestar o funcionamento da interface a ser instalada na cabine do piloto para o correto acionamento do míssil.
O custo de aquisição do novo L-39NG ainda é um segredo bem guardado pelo fabricante da aeronave, mas não deve alcançar sequer o patamar dos 20 milhões de dólares. A hora de voo é econômica: pouco mais de 2.500 dólares.
O preço de um míssil AIM-9L está na casa dos 90.000 dólares.
Os tripulantes do L-39 do Senegal também receberão capacetes de voo do sistema Elbit Targo II.
Usando a tecnologia HMA (Helmet Mounted Display), desenvolvida no âmbito da Aviônica Militar, o Targo II permite que os pilotos planejem, ensaiem, voem e troquem informações valendo-se apenas dos recursos incorporados aos seus capacetes pessoais – o que lhes proporciona maior consciência situacional, manutenção de níveis adequados de segurança e de habilidades operacionais.
FADEC – O programa L-39NG teve início em 2014.
O projeto do jato prevê que ele seja impulsionado por um único motor Williams FJ44-4M com controle FADEC (full authority digital engine control), sistema que consiste de um computador chamado de “controlador eletrônico do motor” (EEC), ou “unidade de controle do motor” (ECU), e dos seus respectivos acessórios que gerenciam todos os aspectos da aeronave.
O modelo NG tem cinco hardpoints (três a mais que o L-39 original) aptos a transportar até 1,2 tonelada de armas, além de estrutura alar com vida útil de 15.000 horas de voo.
A encomenda dos L-39NGs configurados para ataque leve e adestramento foi anunciada pelo governo de Dacar a 4 de abril último.
O contrato também cobre a familiarização dos aviadores africanos com o seu novo equipamento: treinamento de pilotos, preparação de instrutores, qualificação de pessoal de manutenção, fornecimento de sobressalentes, de equipamentos de apoio em terra, de documentação técnica e de serviços de apoio logístico.
A Aero Vodochody começou, em janeiro passado, a produzir a pré-série do L-39NG.
Atualmente a empresa fabrica quatro unidades. A primeira e a quarta aeronave serão usadas para testes de vôo, a segunda para provas estáticas e a terceira para verificações de fadiga.
O primeiro vôo de uma aeronave da pré-série L-39NG está previsto para acontecer no final de 2018. A fabricação do jato em larga escala só será feita em 2022, após a entrega do último avião destinado aos senegaleses, a um ritmo de 16 unidades/ano.
No momento, a Aviação Militar Senegalesa não opera nenhum jato. Suas únicas plataformas de ataque ao solo são os conhecidos helicópteros Mi-24/35 e Mi-17. Houve negociações com a brasileira Embraer, em 2013, que objetivavam a compra de turboélices A-29 Super Tucano, mas esses entendimentos nunca chegaram a bom termo.