Stealth: por que os europeus demoraram tanto para adotar a tecnologia?
Mesmo depois do desenvolvimento pelos americanos de aviões de combate dotados de tecnologia furtiva F-117A Nighthawk, B-2 Spirit, F-22 Raptor, F-35 Lightning II, os europeus continuaram a aperfeiçoar seus caças não furtivos de quarta geração Rafale, Eurofighter e Gripen, sem partir para um caça de quinta geração. Somente há uma década é que os russos começaram a desenvolver o PAK FA (Su-57), que ainda não está pronto.
Conversando com pessoas da indústria em feiras de aviação e defesa no exterior, os argumentos apresentados pela demora são os seguintes:
- a tecnologia stealth é muito cara para desenvolver, adquirir e manter;
- ela pode ficar obsoleta de uma hora para outra com o desenvolvimento de novos radares e sensores;
- o abate do F-117A na Iugoslávia em 1999.
De fato, o mito da invencibilidade dos aviões “invisíveis” foi derrubado juntamente com um F-117A Nighthawk, no antigo território da Iugoslávia, em 27 de março de 1999, durante a Guerra do Kosovo.
Na época houve grande debate sobre como as defesas antiaéreas antiquadas da Sérvia puderam derrubar uma aeronave tão sofisticada.
O argumento a favor da tecnologia stealth
Sem a capacidade stealth, uma missão de ataque típica da USAF requeria 32 aeronaves com bombas e 16 caças de escolta, 8 aeronaves Wild Weasel para supressão de defesas, 4 aeronaves de guerra eletrônica para bloqueio dos radares inimigos e 15 aviões-tanque para reabastecer o grupo.
Com a entrada em serviço dos F-117, a mesma missão passou a ser executada por apenas 8 aeronaves F-117 e dois aviões-tanque. A tecnologia stealth combinada com munições guiadas de precisão coloca menos aeronaves e tripulantes em risco.
O F-117 foi retirado de serviço em 22 de abril de 2008, por causa do seu alto custo de manutenção e pela introdução do F-22 Raptor, que também tem capacidade de ataque com SDB.
A vantagem das aeronaves stealth em operações de bombardeio
No gráfico acima, uma operação típica de ataque de penetração com bombardeiros B-1B. A primeira barreira é o AWACS inimigo que poderá detectar os bombardeiros e alertar as defesas. Se conseguirem passar pelo AWACS sem alertá-lo, os B-1B ainda terão que passar pelos radares terrestres e de direção de tiro dos mísseis antiaéreos (SAM). Fatalmente alguns bombardeiros serão abatidos.
No gráfico abaixo, o mesmo cenário tático, mas com bombardeiros “stealth” B-2. Graças à sua baixíssima RCS, o alcance dos radares inimigos fica bastante diminuído, possibilitando aos B-2 evadirem-se do AWACS e penetrarem nos buracos criados nas defesas. Os B-2 passam entre os SAM para atingirem seus alvos.
ILUSTRAÇÕES: Bill Sweetman
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