O Dia da Caça de 1974
Por Roberto Santana
Prezados.
Transcrevo aqui um trecho da matéria “O Dia da Caça” publicado em outubro de 1974, na revista AERO. A matéria não está assinada, porém, muito provavelmente seja de autoria do diretor e redator chefe da revista, o sr. Ribeiro de Mendonça.
Viso somente compartilhar com outros entusiastas da aviação esse interessante relato sobre o Dia da Caça comemorado naquela data. Difundir e preservar a memória de nossa aviação, assim como, render uma homenagem a essa saudosa revista e seu dedicado editor com sua equipe de profissionais e colaboradores.
“Este ano, o Dia da Caça foi marcado principalmente pela demonstração de tiro real, o que já não ocorria há alguns anos.
Como de costume, nossa equipe compareceu a Santa Cruz no dia 21, véspera da festa, a fim de presenciar a chegada dos aviões visitantes (oito Xavante do 1/4 , nove Mirage da 1 ALADA e oito AT-33A do 1/14) e fotografar tudo com calma.
Voltamos, é claro, no dia 22, que amanheceu bonito. A solenidade propriamente dita começou com a chegada do Sr. Ministro da Aeronáutica, que veio em um HS 125, o VU 932129. Seguiu-se o desfile da tropa e logo após embarcamos no ônibus que nos levou até o “stand” de tiro localizado próximo a uma das cabeceiras de Santa Cruz.
De lá assistimos à decolagem dos vinte e dois Xavante, oito AT-33A, nove Mirage, um Regente ELO L-42 e também o Gloster Meteor. À exceção do L-42 (que fez uma passagem simulando a marcação de um alvo), do Mirage biplace (que realizou somente manobras em alta velocidade) e do Meteor, todos os outros aviões participaram da exibição de tiro.
Inicialmente, os Xavante fizeram bombardeio picado, cada um lançando oito bombas de 250Ib (113kg) sobre uma colina localizada a uma distância razoável. Feito isso, passou-se para os alvos mais próximos, uma Kombi avariada e o charuto da fuselagem de um Beechcraft bimotor. Os Xavante atacaram a Kombi, cada um com duas bombas de napalm de 400Ib (181kg); os AT-33A lançaram foguetes contra o Beech, que a seguir foi alvejado pelos Xavante com suas metralhadoras .50, o mesmo fazendo os AT-33A. Por fim os Mirage atacaram o Beech com seus canhões de 30mm, sendo de se notar o efeito destruidor dos obuses dessa arma.
Seguiu-se a passagem de uma formação, liderada pelo Gloster Meteor (que se despedia), tendo na ala direita um AT-33A , na esquerda um Xavante e o ferrolho um Mirage; mas isso é assunto de um outro trabalho, nesse número de “AERO”.
Houve então uma passagem em formação dos aviões que participaram do tiro. Logo após veio o pouso, que assistimos de uma posição privilegiada.
Obviamente, a comemoração foi um sucesso, tendo sido, inclusive, a primeira demostração pública de tiro real de nossos Mirage. A lamentar apenas o fato dos Grumman P-16 Tracker do 1 Grupo de Aviação Embarcada não terem voado.
Além dos tipos já mencionados, o público pode ver também Cessna T-37, C-130 Hercules, Bell UH-1H, Neiva Regente U-42, Viscount VC-90, HX 748, C-91, Douglas C-47, etc. (inclusive dois helicópteros Fairchild-Hiller FH 1100, um da Marinha e outro da Polícia). Os aviões-monumento existentes na Base (um Republic P-47 e um Gloster Meteor F-8) e o imenso hangar que outrora abrigou os dirigíveis alemães despertaram grande interesse do público.
No transcorrer da solenidade, pousou um Bandeirante da Transbrasil, o PT-TBE, resplandecente em sua pintura predominante amarela.
Em suma, o dia 22 de abril apresentou uma festividade à altura do fato que comemora, e aproximou ainda mais o povo de sua Força Aérea.”
FONTE: Revista AERO Vol.1 No.4