Concorrência de caças na Croácia revela preços do mercado
Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Aéreo
O Conselho de Defesa da República da Croácia anunciou, nesta quarta-feira (28.03), sua aprovação à compra de 12 caças usados F-16D Barak bipostos, disponibilizados pela Força Aérea de Israel.
A operação comercial importará em um investimento de pouco menos de 500 milhões de dólares, que deverá ser quitado em dez parcelas.
De acordo com o escritório da Agência Reuters em Zagreb, a previsão é de que as primeiras aeronaves fornecidas por Israel pousem na capital croata no último trimestre de 2020.
As aeronaves servirão à recomposição do elemento de combate da Força Aérea Croata que, no período 2019-2020, desativará todos os seus 12 MiG-21bisD/UMD, reformados na Romênia, em 2003, para o padrão Lancer.
Essa modesta modernização objetivou deixar os caças croatas em condições de interoperabilidade com os jatos de combate da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) – pacto de Defesa ao qual o governo de Zagreb aderiu em 2009.
Mas na atual frota de Migs da Croácia, apenas sete são jatos reformados pelos romenos. Os cinco restantes foram comprados, em fins dos anos de 2000, à empresa ucraniana Ukrspetsexport.
Opções – A 13 de julho de 2017, o Ministério da Defesa da Croácia anunciou que, no sentido de providenciar um novo avião de caça, e diante das suas limitações orçamentárias, solicitara informações às indústrias aeronáuticas e governos de cinco países: Suécia, Estados Unidos, Coreia do Sul, Grécia e Israel.
Nos últimos oito meses, as opções que se abriram aos croatas foram:
- Gripen JAS 39C/D, da Suécia;
- F-16D Block 70/72 fornecido diretamente pela companhia americana Lockheed Martin;
- F-16 Block 30 disponibilizado pela Força Aérea da Grécia;
- F-16 A/B Netz oferecido pela Força Aérea de Israel.
Entre todos esses modelos, os militares croatas só rejeitaram imediatamente o F-16A/B israelense (que a empresa IAI, dois anos atrás, já tentara, sem sucesso, vender à Força Aérea do México).
A IAI, então, propôs vender a Zagreb uma dúzia dos seus jatos Barak “pelados”, isto é, sem mísseis ou bombas aéreas sofisticadas. Uma negociação já em curso deve permitir ao cliente importar mísseis ar-ar Rafael Python.
O trabalho de seleção da aeronave a cargo dos croatas considerou as opções Gripen e F-16D Block 70/72 demasiadamente caras. Segundo a Reuters, o grupo sueco Saab pediu por 12 caças Gripen de última geração a quantia de 800 milhões de Euros (992 milhões de dólares).
O Poder Aéreo lembra aos seus leitores que, na metade final de 2016, a Lockheed Martin ofereceu à Índia caças F-16 C/D Block 50/52, por um preço unitário entre 60 e 70 milhões de dólares. Os indianos se assustaram com a pedida e descontinuaram esse contato.
O alto valor desses aviões também teria desestimulado os militares da Força Aérea Colombiana, que, em 2015, pensaram em abreviar o tempo de uso dos seus IAI Kfir.