Concepção do McDonnell Douglas - General Dynamics A-12 Avenger II

O avião de ataque furtivo A-12 Avenger II, planejado pela Marinha dos EUA dentro do Programa ATA – Advanced Tactical Aircraft, deveria substituir o A-6E Intruder, o principal avião de ataque da Marinha de 1963 a 1997. O A-6 realizava ataques diurnos e noturnos contra alvos marítimos e terrestres fixos e móveis, em qualquer tempo. O desenvolvimento do A-12 começou depois de vários anos de estudo dos requisitos de aeronaves de ataque para o século XXI.

Com tecnologia de baixa observabilidade, maior velocidade e sistemas de armas avançados e alta capacidade de sobrevivência possibilitariam que o A-12 penetrasse nas defesas mais sofisticadas e entregaria mais armas com precisão e com menor risco para a tripulação de voo do que qualquer aeronave naval anterior. O “Vingador” foi projetado para ser eficaz contra a ameaça de todos os sistemas de armas conhecidos na época. Como o A-6E, o A-12 teria dois tripulantes, um piloto e um bombardeador/navegador.

Em 1988, o Contrato de Incentivo de Preço Fixo do A-12 para Desenvolvimento em Escala Total (FSD) foi concedido à equipe contratada da McDonnell Douglas/General Dynamics por um preço máximo de US$ 4,78 bilhões (em dólares daquele ano). Outros custos de P&D, totalizando aproximadamente US$ 800 milhões, incluíam recursos para formulação de conceitos, demonstração/validação e para laboratórios da Marinha e atividades de campo que apoiavam o Programa A-12.

Ao longo da vida do programa, a Marinha planejava comprar um total de 620 aeronaves. Oito aeronaves seriam construídas para o programa de desenvolvimento em grande escala. O primeiro lote de seis aeronaves, financiado no ano fiscal de 1990, seria usado para apoiar o teste operacional e avaliação e introdução de frota do A-12. A aeronave A-12 teria uma vida útil projetada de 20 anos.

Aviões A-6A Intruder lançando bombas Mk.82 no Vietnã

Capacidades

O “Vingador” representava melhorias substanciais na capacidade de combate de guerra e voaria mais longe e mais rápido que o A-6E com uma carga de armas maior. O A-12 seria capaz de usar todas as armas usadas pelo A-6E. Suas capacidades ar-ar ofensivas e defensivas significativas aumentariam a flexibilidade da missão. O avião, propulsado por dois motores derivados do General Electric F404, seria equipado em uma missão típica com dois mísseis guiados ar-ar AIM-120 AMRAAM e dois mísseis ar-terra AGM-88 HARM, além de 2.300 kg de bombas guiadas.

O A-12 seria capaz de penetrar em sofisticados sistemas de defesa antiaérea que, não sendo mais propriedade exclusiva das superpotências, estavam sendo amplamente espalhados pelo mundo. Sistemas de navegação extremamente precisos permitiriam ao A-12 entregar armas com precisão excepcional, minimizando danos a locais não militares.

O poder naval seria reforçado pela capacidade do A-12 de penetrar secretamente em território inimigo, sem reabastecimento, atingir alvos além do alcance das aeronaves navais da época e levar a tripulação para casa em segurança.

Capacidade de sobrevivência

Vários sistemas avançados seriam incorporados para aumentar a capacidade de sobrevivência do A-12. O cockpit eletrônico automatizado forneceria à tripulação uma variedade de sistemas para auxiliar na detecção e prevenção de ameaças inimigas, incluindo um sistema de medidas de suporte eletrônico e um sistema para a identificação antecipada de radares inimigos e mísseis guiados.

Confiabilidade e Sustentabilidade

Esperava-se que o “Vingador” tivesse o dobro da confiabilidade do A-6E, com a necessidade de apenas metade das horas de manutenção (menor que qualquer outra aeronave naval) e redução dos requisitos de peças sobressalentes e menores custos de suporte ao ciclo de vida. Os materiais de baixa observabilidade (LO) e a construção em material composto suportariam os rigores do ambiente operacional em porta-aviões. Nenhuma estrutura especial seria necessária para proteger o A-12.

Adaptabilidade

A Marinha dos EUA examinou usos alternativos para o A-12, para adaptá-lo a outros requisitos de missão. Monitores eletrônicos, barramento de dados de fibra ótica de alta velocidade, circuitos integrados de alta velocidade, processadores programáveis ​​e grandes capacidades de armas facilitariam a adaptação. O uso da estrutura e sistemas do A-12 para outras missões reduziria o número e tipo de aeronave desdobradas em navios-aeródromo e minimizariam a necessidade de desenvolvimento e aquisição de vários tipos de aeronaves.

“Vingador”

O A-12 foi batizado como “Avenger” em homenagem ao avião de ataque da Segunda Guerra Mundial, construído pela Grumman e pela General Motors, que foi o primeiro avião de ataque com radar, portando uma grande variedade de equipamentos e munições, com capacidade de atacar a longa distância. O paralelo entre as duas aeronaves levou à escolha de “Avenger” como o nome da aeronave de ataque de próxima geração da Marinha.

Mock-up do A12 Avenger

Atrasos e cancelamento

No início de 1990 a McDonnell Douglas e a General Dynamics revelaram vários atrasos e custos imprevistos que necessitariam um aumento do orçamento para o programa. Devido a várias complicações com a fabricação de materiais compostos para a aeronave, o peso da mesma aumentou 30% acima do previsto; isto revelou-se um grave problema para uma aeronave que deveria operar eficientemente a partir de um porta-aviões. Dificuldades técnicas com a complexidade do sistema de radar também causaram um aumento nos custos; um estudo estimava que o A-12 consumiria até 70% do orçamento da marinha para aeronaves. Depois de vários atrasos, a revisão do design acabou por acontecer em outubro de 1990 e o primeiro voo foi remarcado para o início de 1992. Em Dezembro de 1990 foram feitos planos para equipar 14 porta-aviões da marinha com esta nova aeronave; cada porta-aviões com um esquadrão de 20 A-12.

Um relatório do governo em Novembro de 1990 apresentou sérios problemas no programa de desenvolvimento do A-12. Em dezembro de 1990 o Secretario de Defesa Dick Cheney disse à Marinha para justificar o programa e apresentar razões para o mesmo não ser cancelado. A resposta dada pela Marinha e pelos fabricantes não conseguiu persuadir o Secretário de Defesa, e assim o programa foi cancelado no mês seguinte, em 7 de Janeiro de 1991, por quebra de contrato.

O governo assumiu que os fabricantes não conseguiriam realizar o programa e notificou-os de que teriam que pagar mais de 2 bilhões de dólares que haviam sido gastos no desenvolvimento do A-12. A McDonnell Douglas e a General Dynamics não concordaram e levaram o caso ao Tribunal de Reclamações Federais dos Estados Unidos. As razões e as causas do cancelamento foram debatidas em tribunal por 23 anos e gerando muita controvérsia, havendo sugestões de esquemas e favorecimentos políticos por de trás da ação de cancelamento.

Em 2014, finalmente um acordo foi alcançado entre as partes

Depois de mais de duas décadas e numerosas tentativas de acordo, o governo dos EUA finalmente concordou em aceitar US$ 400 milhões da General Dynamics e da Boeing na disputa pelo cancelamento, pela Marinha, do programa A-12 Avenger II, de US$ 4,8 bilhões.

O acordo é uma fração do que o governo buscou quando o processo começou, exigindo US$ 1,3 bilhão em restituição (US$ 2,2 bilhões em 2014) pelo dinheiro gasto no programa de aeronaves furtivas que não entregou uma aeronave sequer. E é ainda menor quando comparado a um acordo de US$ 2,9 bilhões, quase negociado em 2003.

Pelo acordo, a Marinha dos EUA recebeu três EA-18G Growlers somadas às 21 aeronaves da Boeing que foram financiadas pelo Congresso para o ano fiscal de 2014 e deveriam ser entregues em 2016.

A General Dynamics forneceu US$ 198 milhões em créditos à Marinha para as partes de projeto, construção e entrega do destróier DDG-1000 classe Zumwalt.

“Fechamos um capítulo de 23 anos nos anais da aviação naval e fortalecendo ainda mais, por meio do pagamento em espécie dos contratados, às capacidades da Marinha”, disse o Secretário da Marinha, Ray Mabus.

“O litígio foi demorado e difícil, mas economizou bilhões de dólares para a Marinha. Agradecemos ao Departamento de Justiça por sua excelente representação ao longo desses muitos anos”, completou.

O mock-up do A-12 em um Open House em Fort Worth

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