Por Vanessa Adachi | Valor Econômico

Boeing e Embraer trabalham para apresentar nesta semana ou na próxima a modelagem da aquisição dos negócios de aviação comercial da fabricante brasileira de aeronaves pela gigante americana. Segundo fonte próxima às negociações, as conversas entre as duas companhias ganharam tração nas últimas semanas, aumentando as chances de que a transação se concretize, embora ainda faltem muitas etapas.

“A ideia é apresentar um arcabouço com mais detalhes ao governo”, comentou a fonte, completando que já foram encontradas algumas soluções para a maior preocupação do governo que é a sustentabilidade no longo prazo dos negócios de defesa da Embraer, que com a venda da área comercial para a Boeing, restaria como única atividade da fabricante brasileira.

Pelo que está na mesa, haveria a criação de uma nova empresa de aviação comercial, de caráter operacional, controlada pela Boeing. Está em discussão ainda qual a fatia acionária da americana, num intervalo de 80% a 90%, conforme o Valor antecipou em 6 de fevereiro. A Embraer ficaria, portanto, com 10% a 20% da nova empresa. Assim, foi afastada a ideia de se criar uma holding acima da companhia operacional.

Chegou-se a ventilar que a Embraer pudesse ter 49% dessa holding e a Boeing, 51%. A ideia de criar a holding com 49% para Embraer surgiu com o intuito de criar um discurso mais palatável para a opinião pública. No entanto, por aquele modelo, a Boeing ainda deteria uma participação direta na companhia operacional, de forma que sua fatia total chegasse nos pretendidos 80%. As duas partes acabaram concordando com um desenho mais racional, sem holding, disse a fonte.

A Boeing tem deixado claro que faz questão de ter uma posição acionária claramente dominante na nova empresa, para que as decisões estratégicas estejam todas em suas mãos. A Embraer deve possuir alguns direitos específicos. Do ponto de vista da aprovação dos acionistas da Embraer, a compra pela Boeing de uma fatia mais relevante do capital tende a ajudar, desde que o preço agrade os investidores.

Se o governo aprovar a modelagem, as duas companhias ainda terão que discutir todo o detalhamento da operação. A Boeing informou que as conversas prosseguem e Embraer não comentou.

FONTEValor Econômico

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