Nigéria promete protestar contra condições dos EUA para liberar venda de Super Tucanos
Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Aéreo
O governo da Nigéria prepara um protesto formal contra a Administração Donald Trump, diante das recentes e inusitadas condições impostas à liberação da exportação de 12 aeronaves A-29 Super Tucano para a Aviação Militar do país africano – uma operação comercial de 494 milhões de dólares.
A informação foi dada pelo ministro da Defesa nigeriano, Mansur Dan Ali, na quinta-feira da semana passada (25.01), na cidade de Abuja, durante uma conversa com jornalistas.
De acordo com a Agência Reuters, uma das que divulgaram as declarações de Dan Ali, Washington estabeleceu que os aviões, que serão produzidos no estado americano da Flórida – pela parceria mantida pela brasileira Embraer com a empresa americana Sierra Nevada Corp (de Sparks, no estado de Nevada) –, só poderão seguir para o cliente em 2020
Além disso, os Departamentos de Estado (Exterior) e de Defesa dos Estados Unidos acordaram que os americanos não farão o treinamento das equipes de manutenção dos monomotores, e nem permitirão que os nigerianos tenham acesso a detalhes da construção dos aviões.
O governo Barack Obama resistiu o quanto pôde à venda dos turboélices para os nigerianos devido às repetidas denúncias de violações aos Direitos Humanos em território nigeriano, e à tragédia de janeiro de 2017, em que jatos da Força Aérea Nigeriana, empenhados na caça aos terroristas do Boko Haram, bombardearam um campo de refugiados da localidade de Rann, no nordeste do país. Saldo da ação: 170 inocentes mortos, entre eles, dezenas de idosos e crianças.
Pagamentos – A venda dos aviões foi formalmente concluída em dezembro, e Dan Ali não disse aos jornalistas se as novas exigências vão afetar o evento programado para 20 de fevereiro, em que a documentação relativa à encomenda das aeronaves será assinada, e os pagamentos iniciais serão autorizados.
“Essas condições não aceitamos”, pontuou Dan Ali. “O Conselho de Segurança da Nigéria aprovou a compra de aeronaves, mas algumas das condições que a América nos deu são rigorosas. Vamos discutir a redução das condições com o embaixador americano, (e) os pagamentos serão feitos quando as condições forem reduzidas”.
Procurada na manhã desta terça-feira (30.01) pelo Poder Aéreo, fonte da Embraer confirmou o prolongamento do impasse relativo à venda dos aviões, e confidenciou uma preocupação: a de que a indústria aeronáutica turca tente atravessar a negociação, oferecendo o seu monomotor TAI Hürkus-C, versão artilhada de seu conhecido turboélice de treinamento.