Ousadia! Agência de Defesa sul-africana encomenda o reprojeto de equipamentos do cockpit de 3 aeronaves consagradas
Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Aéreo
O principal analista militar sul-africano, Helmoed-Römer Heitman – um militar da Reserva que trabalha, hoje, como correspondente da Jane’s Defence Weekly em seu país – denunciou o que chamou de “política de correção enlouquecida” na Força Aérea da África do Sul: o reprojeto dos assentos dos pilotos e de outros equipamentos do cockpit de três aeronaves europeias consagradas: o turboélice de treinamento Pilatus PC-7, o jato de adestramento avançado de pilotos de caça Hawk Mk 120, e o caça sueco JAS 39C Gripen.
Heitman acompanha o assunto desde que, há quatro meses, a Armscor – agência estatal de aquisição de produtos de Defesa – confirmou que seriam feitas modificações nesses aviões, algumas em grande escala.
A Armscor chama o novo programa de “modernização para acomodar pilotos no século 21” e, ao mesmo tempo, aumentar a segurança da aeronave. Segundo a agência, as mudanças permitirão “uma expansão da massa da tripulação” a bordo.
O executivo responsável pela área de Suporte Corporativo da Armscor, Solomzi Mbada, disse, em resposta a perguntas da imprensa, que as modificações no cockpit no PC-7 estão “perto da conclusão” – sem dar detalhes do que foi feito, ou de quantas aeronaves vêm sendo submetidas a essa “modernização”.
Mas Mbada acrescentou: “as modificações de cockpit para o Hawk e o Gripen estão previstas para serem concluídas no final de 2019”.
O executivo omitiu, contudo, dados sobre o custos desse reprojeto dos cockpits, e também não confirmou a participação, no serviço, de engenheiros aeronáuticos pertencentes aos países que exportaram os três modelos de avião para a África do Sul.
Zâmbia – Heitman apurou que as alterações também levam em consideração as dificuldades de aviadoras militares para poderem se adaptar às aeronaves.
“Algumas pessoas são simplesmente muito pequenas, muito leves, muito altas, muito grandes ou muito pesadas para serem pilotos de caça”, declarou o analista.
Ele também aludiu à experiência vivida por um chefe militar estrangeiro:
“Lembro-me de um ex-chefe da Força Aérea da Zâmbia me contando a ‘grande tragédia” de sua vida’. Ele queria voar caças, mas era simplesmente muito alto e muito largo nos ombros. Sem nenhuma possibilidade de ter as cabines dos jatos de seu país redesenhadas, e os assentos ejetores requalificados, ele precisou se contentar em ser pilotos de aviões de transporte”.