Por Carla Araújo

Mesmo com o presidente Michel Temer já tendo afirmado que a transferência de controle da Embraer para a Boeing não está em cogitação, nos bastidores do Planalto a informação é que a intenção da companhia norte-americana é adquirir de fato a fabricante brasileira de aeronaves.

O governo, entretanto, está decidido a impedir a fusão com o uso da “Golden Share” – ação mantida após a privatização da companhia que dá direito a veto em questões estratégicas.

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou na quarta-feira, 3, ao Estadão/Broadcast que ainda não recebeu oficialmente nenhum aviso de avanços na negociação, mas reiterou que o governo não abrirá mão de salvaguardas de defesas em um futuro acordo entre as empresas.

Ele disse que um grupo formado pelos ministérios da Defesa e da Fazenda, além da FAB e do BNDES formarão uma espécie de comitê de auditoria para monitorar a negociação. Jungmann explicou que as salvaguardas previstas na “Golden Share” remetem a assuntos como mudança do nome, da logomarca, descontinuidade de projetos militares, transferência de tecnologia militar para terceiros sem autorização “e, é claro, a questão do controle acionário”.

“O comitê está interessado é nesses pontos, o restante é problema dos conselhos de administração das empresas. Não temos que opinar”, afirmou. O ministro do gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sergio Etchegoyen, chama a atenção para o risco à segurança que uma negociação desse porte pode acarretar. “O governo está atento. Temos condições de garantir o controle acionário, sem medo de parcerias vantajosas para o nosso desenvolvimento tecnológico, salvaguardando nosso conhecimento. O farol será sempre o interesse nacional”, disse.

No Planalto, auxiliares do presidente Michel Temer disseram que o governo tem informações de que a empresa norte-americana tem um interesse maior pela aquisição da empresa. Na visão de interlocutores do presidente, essa posição pode dificultar a negociação.

Um auxiliar de Temer disse ainda que a Embraer tem interesse em parcerias, tem carência na produção de turbinas, por exemplo, e que o governo avalia positivamente negociações que sejam boas para os dois lados, desde que não apresentem risco de danos ao projeto estratégico de desenvolvimento tecnológico da empresa.Jungmann não quis dar detalhes da proposta. “Até agora não chegou a nós nenhuma proposta concreta”, disse. Procurada, a Boeing não comentou a negociação.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

FONTE: A Tarde

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