Aviões da Embraer em 1985

Aviões da Embraer em 1985

Embraer foi privatizada por R$ 154,1 milhões

FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) –e outras quatro coligadas– foi privatizada ontem (7.12.1994) em apenas 57 minutos na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) por R$ 154,1 milhões.

O valor foi pago integralmente em títulos da dívida de estatais (“moedas podres”). O preço ficou 0,3% acima do valor mínimo fixado para o leilão.

Consórcio liderado pelo Banco Bozano, Simonsen, representando fundos de pensão brasileiros e investidores internacionais, adquiriu 71,37% das ações ordinárias (com direito a voto) leiloadas, segundo a Bovespa.

Os grupos representados pelo Bozano, Simonsen agora detêm 40% do controle acionário da Embraer, segundo o diretor financeiro da empresa, Manoel de Oliveira.
A participação da União na Embraer caiu para menos de 20%.

O leilão envolveu 55,4% das ações ordinárias (com direito a voto) da Embraer.

Lotes
No total, foram leiloados 3.074 lotes de ações (com 1,032 milhão de ações cada) ao preço médio final de R$ 48,57 o lote de mil.

O Bozano, Simonsen comprou 2.194 lotes. Parte foi adquirida em nome da Sistel (fundo dos funcionários da Telebrás, com 543 lotes) e da Previ (do Banco do Brasil, com 542 lotes).

Outros 896 lotes foram adquiridos pela Bozano, Simonsen Limited em nome de investidores internacionais –que compraram 33% das ações leiloadas, representando 18% do capital ordinário.

O restante das aquisições do Bozano, Simonsen foram feitas em nome da Bozano, Simonsen Leasing (189 lotes) e da Caixa dos Empregados da Usiminas (24).

A corretora Primus, que teve a segunda maior participação no leilão, de 6% sobre o total das ações ofertadas (ou 176 lotes), operou em nome da Caixa de Previdência dos Funcionários do BNB, do Instituto Aeros de Seguridade Social e do Nucleos Instituto de Seguridade Social.

Segundo o edital de privatização da Embraer, os novos donos serão obrigados, de imediato, a investir R$ 30 milhões na empresa. Esta foi a condição do governo federal para aceitar 100% em “moedas podres” no leilão.

Estrangeiros
O leilão de ontem foi o que contou, até agora, com a maior participação de investidores internacionais no programa de privatização brasileiro.

Neste programa, foram vendidas 15 empresas durante o governo de Fernando Collor de Mello e 18 companhias (incluindo a Embraer) na gestão Itamar Franco.

O processo de privatização da Embraer demorou 1.059 dias para ser concretizado. Junto com a companhia, foram privatizadas as coligadas Neiva (aviões leves e agrícolas), a EAC (braço norte-americano da Embraer), a EAE (divisão européia) e a Embraer Divisão de Equipamentos.

“Na mão da iniciativa privada, a empresa terá mais chances e liderdade para crescer”, disse ontem o atual presidente da Embraer, Osiris Silva, que acompanhou o leilão na Bovespa junto com o presidente do Programa Nacional de Desestatização, André Franco Montoro Filho. Participaram também o presidente da CVM, Tosta de Sá, e o brigadeiro Eliscanda Barros, do conselho da empresa.

FONTE: Arquivo Folha de São Paulo/UOL

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