Aproveite a tranquilidade do final do ano para visitar esse veterano – e aproveite, também, para comparar suas dimensões com o futuro caça da FAB, o Gripen E

Você mora em São Paulo ou está a passeio neste final de ano de 2017? Gosta de aviões? Então aproveite, entre seus compromissos ou passeios, para fazer uma visita ao Mirage IIIEBR “espetado” na praça em frente ao portão de entrada do Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMA-SP), na Zona Norte da cidade – Av.Braz Leme, 3258, próximo à estação Santana do metrô.

Neste final de ano em que a cidade está bem mais vazia, você terá tranquilidade para chegar e apreciar com calma, sentado num dos bancos da pequena praça, as linhas dessa belíssima aeronave, que na opinião deste autor foi o caça mais bonito que já serviu à Força Aérea Brasileira (FAB), de perfil ainda mais esguio e elegante que seu “primo” mais novo e mais capaz, o Mirage 2000, que o sucedeu.

E, falando em perfil, não é qualquer aeronave espetada como monumento que, além de estar numa posição que simula uma ascensão em alto ângulo, ainda permite, desde que você se afaste um pouco, tome cuidado com os carros ao se posicionar na via de acesso ao PAMA-SP, e incline seu dispositivo fotográfico (no caso, foi um celular), conseguir um interessante ângulo de imagem em “perfil”, simulando um voo nivelado, como é o da foto que abre esta matéria.

Ainda sobre perfil, a placa em frente ao caça traz informações básicas sobre o Mirage IIIEBR, que recebeu a denominação F-103E na FAB, sendo EBR a indicação de tipo da fabricante francesa Dassault (E indicando o modelo Mirage-IIIE, e BR referente a aeronave exportada para o Brasil). Resumimos e reproduzimos aqui algumas das características e especificações que constam na placa:

  • Envergadura: 8,22m
  • Comprimento 15,03m (nota: incluindo o tubo de pitot, no nariz – no manual do Mirage IIIE, o comprimento indicado é de 15m)
  • Altura: 4,25 (4,45m no manual do Mirage IIIE)
  • Superfície alar: 34,86m2
  • Peso vazio: 7.050kg
  • Peso máximo: 13.500kg
  • Velocidade máxima: 2.350km/h
  • Razão de subida: 2.666 m/min
  • Teto: 23.000m
  • Alcance: 1.610km
  • Operação na FAB: entre 1972 e 2005 – a frota completou mais de 67 mil horas de voo em 33 anos de serviço

A aeronave / monumento está com o padrão de camuflagem ostentado pelos caças do Esquadrão Jaguar (1º GDA, única unidade da FAB que operou o Mirage’), no período entre 1995 e 2002, quando se marcava em preto os códigos das bases aéreas, no qual AN indica a Base Aérea de Anápolis, em Goiás, lar dos jaguares. Na cauda, assim como abaixo do pára-brisa e na cobertura do trem de pouso dianteiro, vê-se o número 27, referente ao jato com a matrícula FAB 4927. Trata-se de um caça comprado em 1988 dos estoques da Força Aérea Francesa (Armée de l’air) para recompletar perdas pelo atrito operacional ao longo dos anos (ao lote original de 16 aviões incorporado no início de 1973, foram adquiridos lotes adicionais de usados junto ao Armée de l’air, em 1980, 1984, 1988-1989 e 1997, totalizando 32 aviões matriculados na FAB, entre jatos dos modelos monoposto e biposto). As quantidades dos lotes adquiridos novos (16 ou 17) e usados, em especial o ano de aquisição de uma aeronave específica, o FAB 2022 (1973 ou 1980), já foi objeto de longas discussões aqui no Poder Aéreo (clique aqui para ler os comentários em matéria em que houve esse debate). E clique aqui para ver matéria de revista, em pdf, da época de chegada desses caças à FAB.

Então aproveite a tranquilidade de São Paulo no fim de ano para visitar esse veterano da caça da FAB, em frente ao portão do PAMA-SP. Sua pintura precisa ser refeita, pois já mostra um desgaste acentuado pelo sol, chuva e poluição ao longo de cinco anos de exposição aos elementos (compare com as fotos da época de inauguração do monumento, em 2012, muito melhores em qualidade e variedade, clicando aqui). Mas isso não chega a estraga a visão das belas linhas do Dassault Mirage IIIEBR.

Comparação com o Gripen – Se você é um entusiasta de aviação que mal pode esperar a chegada da nova geração de caças ao Brasil, o Saab Gripen E, a visão do Mirage espetado na frente do PAMA-SP pode dar uma ideia do tamanho do futuro F-39 Gripen da FAB. Isso porque as dimensões externas das duas aeronaves são muito próximas, sendo o Gripen E apenas ligeiramente maior em todas as medidas: o comprimento total do Gripen E, incluindo o tubo de pitot no nariz, é de 15,2m (no Mirage IIIEBR, é de 15m – dado do manual do caça –  apenas 20cm de diferença), a envergadura da nova geração do Gripen é de 8,6m, incluindo os lançadores de mísseis das pontas das asas (8,22m no Mirage, que não tinha lançadores nessas posições, dando uma diferença total de apenas 38cm no total da envergadura entre os dois aviões). A altura das duas aeronaves quando no solo (trem de pouso estendido) também é muito próxima: 4,5m no Gripen E, contra 4,45m no Mirage IIIEBR (dado do manual), ou 5cm de diferença.

Incluímos abaixo duas fotos do Gripen E em posições que, apesar de não coincidirem, podem ser comparadas às que fotografamos o Mirage IIIEBR, apenas a título ilustrativo (a última foto, do “roll-out” do Gripen E, foi girada em 180º em relação à original).

 

 

Uma última observação: para quem já viu pessoalmente ou comparou fotos de ambos os aviões pousados, o Mirage parece mais alto (o que dá também a impressão de dimensões gerais também maiores) pois nosso ponto de referência, em geral, é a cabine – e, de fato, o canopi do Mirage fica numa posição mais alta em relação ao solo, quando pousado, que o do Gripen. Mas isso é devido ao fato do Mirage ter as asas presas à parte de baixo da fuselagem, o que obriga ao uso de um trem de pouso de pernas mais compridas (para livrar espaço para cargas externas sob as asas), elevando assim a distância do canopi em relação ao solo, enquanto o Gripen, de asas posicionadas no meio da altura da fuselagem (o que já permite bom espaço para cargas externas), pode usar trem de pouso com pernas menos longas, o que deixa a cabine mais perto do solo.

Gripen C e Mirage IIIEBR em Anápolis em 1998

Abaixo, duas imagens com dimensões de ambas as aeronaves (a primeira, uma reprodução de página do manual original do Mirage IIIE, a segunda uma adaptação feita pelo Poder Aéreo a partir de brochura da Saab), para ajudar na comparação.

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