Fatia do governo e regras em estatuto podem ser barreiras para venda da Embraer

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Embrae E195-E2

Embraer E195-E2

Analistas do Morgan Stanley acreditam ainda que a ‘golden share’ do governo brasileiro pode constituir um impedimento para um acordo potencial

Karin Sato, O Estado de S.Paulo

A fatia do governo na Embraer e as regras do estatuto da companhia podem representar um obstáculo para a venda completa da companhia brasileira, avaliaram os analistas do banco Morgan Stanley, em relatório. Para eles, uma venda completa é improvável, mas uma parceria relativa à família de aeronaves E-Jets pode ser fechada.

“Dado o interesse do governo em manter o controle da Embraer, além dos obstáculos decorrentes dos estatutos da empresa (embora estes possam ser ajustados, na nossa opinião), achamos que é mais provável que a Boeing e a Embraer formem algum tipo de joint venture na divisão Comercial. Essa parceria pode implicar que a Boeing adquira uma grande participação minoritária na Embraer ou uma participação de 50% na divisão comercial”, diz o banco em relatório.

“Em cenários desse tipo, ainda acreditamos que a ação pode ter valorização com base em sinergias potenciais e potencial de preço de aquisição favorável para a participação. Atualmente, o valor de mercado da Embraer é de US$ 4,5 bilhões, apenas cerca de 2,5% do valor de mercado da Boeing”, acrescenta.

Os analistas do Morgan Stanley acreditam ainda que a golden share, ações de classe especial, do governo brasileiro pode constituir um impedimento para um acordo potencial. “Lembramos aos investidores que os ativos da Embraer (tangíveis ou não, como grandes plantas, inteligência de engenharia, tecnologia, desenvolvimento de equipamentos/sistemas de defesa, entre outros) são muito estratégicos para o governo local.”

Os analistas do Morgan Stanley acreditam ainda que a golden share, ações de classe especial, do governo brasileiro pode constituir um impedimento para um acordo potencial. “Lembramos aos investidores que os ativos da Embraer (tangíveis ou não, como grandes plantas, inteligência de engenharia, tecnologia, desenvolvimento de equipamentos/sistemas de defesa, entre outros) são muito estratégicos para o governo local.”

Outro obstáculo são as regras de uma eventual OPA. “Reconhecemos que os estatutos da empresa poderiam ser revisados, mas na sua forma atual representam um obstáculo considerável para uma mudança de controle. Os estatutos colocam algumas obrigações aos acionistas que se tornarem detentores de mais de 35% do capital social. Até 15 dias após atingir o limite de 35%, eles devem enviar um pedido ao governo brasileiro para iniciar uma oferta pública de aquisição das ações restantes”, diz o texto.

Conforme os analistas, se o governo o negar, o acionista terá que vender as ações em excesso em 30 dias. Se aceitar, uma oferta pública para todas as ações deve acontecer em 60 dias.

FONTE: Estadão

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