Força Aérea e Marinha argentinas brigam pelos Super Étendard que Macri comprou
Elas querem manter o controle das aeronaves, que terá um papel decisivo na operação de segurança que envolverá o G-20
Por Mariano De Vedia
A recente compra de cinco aviões Super Étendard modernizados da França desencadeou uma disputa inesperada e intensa entre a Força Aérea e a Marinha Argentinas, que buscam ter a posse das aeronaves.
O governo pagará 2,5 milhões de euros por aeronaves caça-bombardeiros, às quais irá adicionar US$ 2 milhões para custos de transporte, com a decisão de fortalecer a segurança na Cúpula G-20, que será realizada no final do ano próximo na Argentina.
O ministro da Defesa, Oscar Aguad, resolverá a disputa incomum, que não é mais do que uma briga sobre a escassez, no momento em que a Força Aérea e a Marinha passaram por uma crise em seus equipamentos militares há algum tempo.
Nessa briga, os chefes da Marinha, o Almirante Marcelo Eduardo Hipólito Srur e a Força Aérea, Brigadeiro-geral Enrique Víctor Amrein, tentam adicionar argumentos para manter os aviões.
Duas interpretações doutrinais se destacam na disputa. Um indica que os meios aéreos são usados na Força Aérea com uma função estratégica e só são justificados para a Marinha como um meio complementar e suporte logístico para outras missões.
A outra doutrina defende o conceito de poder naval integral, que permite que a Marinha se guarneça de todos os meios possíveis (submarinos, aéreos e de superfícies) para suas operações navais. Esse critério foi aplicado, alguns indicam, na Guerra das Malvinas.
Argumentos
“O natural é que os aviões fiquem na Força Aérea e que todos os meios aéreos estejam concentrados em um único lugar”, é a opinião de um oficial aeronáutico fundamentando-se na lógica.
A Marinha, entretanto, pretende ficar com os aviões que chegarão antes do final do ano da França, porque armazenou, desde os tempos da Guerra das Malvinas, nove unidades de Super Étendard. Embora não estejam operacionais ou capazes de voar, estão sujeitos a um processo de modernização.
“Por que a Marinha quer adicionar aviões se não tem um porta-aviões?” Eles perguntam na Força Aérea, em uma disputa que até agora não foi além da retórica.
Próximos do ministro Aguad estimam que o mais provável é que os aviões sejam finalmente destinados a uma base da aeronáutica, por razões de execução prática. “Com a operação de prevenção de segurança do espaço aéreo durante o G-20, é melhor ter as unidades aéreas em uma base próxima, como El Palomar, do que na Base Naval de Puerto Belgrano, perto de Bahía Blanca.
A operação dos Super Étendard não difere muito do que exigiu o Mirage, cujas unidades foram desativadas na Argentina em 2015. Ambos foram projetados pela empresa francesa Dassault, explicaram fontes militares.
Como informou o La Nacion, as unidades adquiridas agora na França foram construídas entre 1978 e 1982. As negociações entre os dois países incluíram a entrega de motores, peças sobressalentes e um simulador de voo, entre outras peças adicionais. É por isso que se especulou que poderiam se juntar às aeronaves que a Marinha já possui.
Segundo fontes aeronáuticas, entretanto, entende-se que, se o equilíbrio for finalmente inclinado pelo destino naval, a Marinha teria capacidade de um avião de combate que a própria Força Aérea não tem.
“Temos os bombardeiros A-4AR, que podem desempenhar funções operacionais similares ao Super Étendard, mas é muito provável que estejam fora de serviço e dispensados até o final de fevereiro, porque não existe uma cadeia de suprimentos e peças sobressalentes”, disse uma fonte aeronáutica.
Como sinal da deterioração do poder aéreo, na década de 1990, 35 aviões A-4AR foram incorporados à força, mas agora, com muito esforço e restrições orçamentárias, em dias excepcionais, há três aeronaves operacionais.
FONTE: La Nacion