Airbus vai tornar jatos C Series ‘Made-in-USA’
A Airbus vai colocar o rótulo “Made-in-USA” nos jatos C Series da Bombardier Inc. ao construir outra linha de montagem no Alabama, que vai custar apenas “algumas centenas de milhões de dólares”, disse o executivo número 2 da Airbus SE na sexta-feira.
A nova instalação é crucial para a estratégia da Airbus de aumentar as vendas nos EUA do avião canadense, evitando as rígidas penalidades comerciais impostas pela administração Trump. A Bombardier projeta que os jatos de passageiros com 100 a 150 passageiros gerarão 6.000 pedidos nos próximos 20 anos.
“No instante em que o avião é montado em Mobile, ele se tornará americano; teremos um jato feito na EUA”, afirmou o presidente-executivo da Airbus, Fabrice Bregier, em uma entrevista em Montreal. “O mercado americano representa cerca de 30% dos 6.000 aviões, de modo que as compensações são suficientemente importantes para justificar o investimento”.
Quatro dias depois de anunciar um acordo que dá à Airbus o controle de uma nova joint venture que produza o jato de ponta, Bregier viajou com o CEO Tom Enders para Montreal para apresentar sua visão para a parceria europeu-canadense. A Bombardier investiu mais de US$ 6 bilhões para desenvolver o jato na última década, mas o projeto ficou paralisado por excessos de custos e atrasos.
A parceria é vista como uma solução para a disputa comercial da Bombardier com a Boeing Co., que acusou seu rival canadense de vender a C Series à Delta Air Lines Inc. com “preços absurdamente baixos”. O Departamento de Comércio dos EUA alinhou-se com a Boeing, impondo tarifas preliminares de 300% nos jatos Bombardier nas últimas semanas.
Preços dos modelos
Enquanto Bregier se recusou a dizer o quanto a Airbus pretende reduzir as despesas, ele disse que um preço de venda reduzido ajudaria a Airbus a capturar pelo menos 2.000 pedidos nas próximas duas décadas. O CS100 da Bombardier – o menor de duas variantes da C Series com apenas 108 lugares – tem um preço de catálogo de US$ 79,5 milhões, enquanto o CS300, com até 160 assentos, vai para US$ 89,5 milhões.
“Se o tornarmos competitivo, se ajudarmos a reduzir o seu custo de venda de forma mais agressiva, com a credibilidade que a Airbus traz, teremos uma participação de mercado muito superior ao que os analistas esperam agora”, disse Bregier. “Dois mil aviões parecem bastante realistas e por que não metade do mercado? Se estamos entrando nesta batalha, não é para vender algumas centenas de aviões e parar por aí”.
Os fornecedores da Bombardier envolvidos no programa C Series incluem a unidade Pratt & Whitney da United Technologies Corp., que constrói o motor que impulsiona o avião, Rockwell Collins Inc. e Parker-Hannifin Corp.
Embora o acordo com a Bombardier confira à Airbus o direito de comprar as partes da Bombardier e do governo de Quebec sete anos e meio após a conclusão da transação, o fabricante europeu não planeja fazê-lo, de acordo com Bregier e Enders.
“Não temos a intenção de comprar os outros porque sabemos que eles são grandes parceiros”, disse Enders no início da sexta-feira, em um evento patrocinado pela Câmara de Comércio do Metropolitan Montreal. “Se eles querem continuar na jornada, eles são bem-vindos nela. A Bombardier traz muito. É uma das principais empresas de aeronáutica do mundo, e estar perto delas tem um ótimo valor para a Airbus”.
FONTE: Bloomberg