Diretor da MBDA diz que Itália manterá participação na fabricante de mísseis
Por Tim Hepher e Cyril Altmeyer
O chefe da MBDA espera que a empresa de defesa italiana Leonardo permaneça um acionista na fabricante de mísseis europeus, indicando que uma troca potencial de ativos entre os seus proprietários está fora da mesa de negociação.
A fabricante de mísseis ar-ar Meteor e dos mísseis de cruzeiro Storm Shadow/SCALP é de propriedade da Airbus francesa (AIR.PA) e da BAE Systems da Grã-Bretanha (BAES.L), que têm uma participação de 37,5% cada e da Leonardo (LDOF.MI) que tem 25%.
Nos últimos anos, a Leonardo pensou em assumir um maior controle da ATR fabricante de turboélices de aviação comerncial, onde é co-proprietária com a Airbus, enquanto a Airbus manifestou interesse em comprar a parte da Leonardo na MBDA, levando a discussões periódicas sobre um possível “swap”.
Perguntado se ele acreditava que Leonardo continuaria a ser um acionista, o CEO da MBDA, Antoine Bouvier, disse: “Sim”.
“Nada é certo, mas os fundamentos relativos à Itália e Leonardo, bem como o envolvimento da MBDA em armar plataformas italianas, apontam nessa direção”, acrescentou.
Os comentários de Bouvier em uma reunião da associação francesa de jornalistas aeroespaciais diminuem ainda mais a probabilidade de uma reorganização da MBDA, após sinais recentes de que a Itália quer manter sua participação por razões estratégicas.
O chefe da associação de empresas de defesa do país disse em junho que a Leonardo não cortaria sua participação na MBDA.
A MBDA disputa com a Lockheed Martin (LMT.N) dos Estados Unidos o segundo lugar entre os fabricantes de mísseis do mundo, atrás da Raytheon (RTN.N), de acordo com analistas da indústria.
A MBDA foi formada em 2001, através de uma fusão de interesses franceses, britânicos e italianos e absorveu posteriormente atividades da Airbus na Alemanha.
Bouvier disse que não vê oportunidades de aquisição de curto prazo na Europa, mas favoreceu o crescimento através da cooperação industrial, tendo assinado uma parceria com a Romênia no mês passado.
A determinação da Itália de manter presença em mísseis através da MBDA deixa questões não resolvidas sobre o futuro da ATR, o maior fabricante de turboélices civis do mundo.
A Airbus e a Leonardo discordam sobre investir em um novo programa de turboélices, um movimento apoiado no lado italiano.
O presidente-executivo da ATR, Christian Scherer, disse na semana passada que estava examinando uma possível mudança no status legal do Groupement d’Interet Economique — um acordo de pooling que favorece a cooperação, mas não publica seus próprios lucros — para uma corporação francesa regular conhecida como “Societe Anonyme”.
Descrevendo o passo como “emancipação”, ele sugeriu que poderia criar alguma flexibilidade se os proprietários decidissem criar novos fundos para um programa futuro ou abri-lo para novos acionistas industriais, por exemplo, na Ásia, onde a ATR vê maior crescimento.
“Eu não posso falar pelos acionistas, mas antes de buscar um novo programa, precisamos de uma estrutura legal que nos dê os meios para atrair novos investidores e abandonar a camisa de força de um clube privado”, disse ele.
A pressão sobre a ATR para examinar seu portfólio bem sucedido, mas envelhecido, subiu esta semana, quando a brasileira Embraer disse que estava pensando em desenvolver um turboélice.
FONTE: Reuters