FAB cria Ala 5, reduz efetivo de carreira, moderniza estrutura e enxuga processos

Jeison Silva

O céu não está tão azul para a economia nacional – vide o cancelamento da tradicional Expoaer neste Dia das Crianças em Canoas. Ao mesmo tempo, a aeronáutica pelo mundo se reestrutura, se moderniza e o Brasil também busca ampliar sua eficiência. Como parte de um processo iniciado em 2009, a Força Aérea Brasileira (FAB) dá prosseguimento a um plano de atualização e enxugamento que terá seu ápice em 2041, ano de seu centenário. A primeira transformação mais visível ocorrerá já em 15 de dezembro de 2016, às 10 horas, durante solenidade de desativação do Quinto Comando Aéreo Regional (5º Comar) – responsável pela representação no Sul do País. Na prática, a área hoje do 5º Comar sediará a parte administrativa, a cargo do Grupamento de Apoio (Gap). Já a base, será o Quartel-General (QG) operacional.

As duas estruturas serão unificadas. Além de uma nova nomenclatura, a Ala 5 propulsionará a redução do efetivo de carreira, enxugamento de processos e otimização de equipes atuantes na parte burocrática. Nas operações, consolida-se a estratégia de defesa aérea em “pacotes” em vez do “modelo Segunda Guerra Mundial” que valia-se de recursos táticos isolados.

Brigadeiro do ar Jeferson Domingues de Freitas

Entrevista – Brigadeiro do ar Jeferson Domingues de Freitas, Comandante do 5º Comar

O comandante do 5º Comar, brigadeiro do ar Jeferson Domingues de Freitas, assumirá o comando da Ala 5. Por sua vez, o atual comando da Base Aérea de Canoas será incorporado à nova estrutura. Abaixo, uma entrevista com o brigadeiro Domingues, futuro número um da Ala 5, que detalhou algumas das transformações definidas pela FAB e como elas impactarão no dia a dia na nossa região.

Qual será a diferença prática entre 5º Comar e a nova Ala 5?
Vamos enxugar e “colocar fogo” na questão operacional. Vamos melhorar a resposta na defesa do espaço. Criamos grupamento de apoio que concentrará parte do pessoal que atua nas áreas administrativa e orçamentária. Um núcleo fará o trabalho para todas as organizações regionais. Em vez de fazermos dez processos licitatórios, faremos um para toda a guarnição. O 5º Comar já tinha vocação administrativa e de suporte. E tínhamos a forças aérea um, responsável pelo preparo; a dois que cuidava da patrulha, dos helicópteros; a três encarregada dos aviações de caça e transporte. A Ala 5 assumirá estas atribuições. Será mais operacional.

E as missões de apoio?
Deixamos de ter comandante da base aérea, que será incorporado num grupamento de operações. Ao reduzirmos o efetivo de carreira não geramos folha, aposentadoria, pensão. O temporário ficará oito anos conosco. Retornará ao mercado mais capacitado. Algumas bases serão de desdobramento, como Florianópolis, apoiando operações de calamidade e resgate. O esquadrão de patrulha aérea marítima ficará em Canoas.
Cada esquadrão tinha sua manutenção de aeronaves independente, agora será única e integrada. No País, a manutenção de grande porte, contava com seis parques. Hoje temos quatro. Transferimos parte para empresas nacionais, fomentando a tecnologia e o mercado. A FAB também se adapta à realidade econômica do País. Já passamos período crítico orçamentário, voltaremos a crescer, mas temos que modernizar a estrutura. Colocar dinheiro na Força Aérea é investimento. Introduzimos o conceito de compensação: tudo o que compramos no exterior ou desenvolvemos tem que retornar ao país, como transferência de tecnologia e capacitação. Tecnologia é cara mas ganha-se na eficiência. Uma nave de combate moderna faz o trabalho de centenas das antigas.

Os caças estão voando mais nas últimas semanas em Canoas?
É apenas uma impressão. Não estamos voando mais do que antes. É que nesta época do ano, estamos na fase de treinamento de tiro aéreo. São três caças F-5 no ar mais um para rebocar o alvo durante o exercício.

Esquadrão Phoenix de Santa Catarina será transferido para Canoas
A Ala 5 terá voz de comando sobre os esquadrões de Santa Maria, Florianópolis e Base Aérea de Canoas, em vez de reportar-se a Rio de Janeiro e Brasília. Uma alteração importante é a transferência do Esquadrão Phoenix de Santa Catarina para Canoas, tornando a base de Florianópolis pista de apoio. Ao todo, serão sete esquadrões, formados por caças, aviões de patrulha e transporte, helicópteros e aeronaves remotamente pilotadas.

Saiba mais
A terceirização dos serviços de manutenção das aeronaves militares já vinha ocorrendo no País e era uma sinalização de mudanças.
Outro processo que indicava possíveis alterações na formatação foi a adoção de 9,5% de temporários do total de 75 mil pessoas.

A expectativa com o aumento do percentual para 25% é liberar efetivo para operações de linha de frente.

FONTE: www.diariodecanoas.com.br

SAIBA MAIS:

wpDiscuz