Caça F-35 ainda está longe da capacidade plena
Em um memorando interno à chefia do Departamento de Defesa dos EUA em 9 de agosto, Michael Gilmore, diretor de teste operacional e avaliação (DOT&E), advertiu que o caça F-35 ainda tem um longo caminho a percorrer antes da capacidade de combate plena e pode ficar sem fundos para corrigir problemas significativos de desempenho a tempo, se descobertas tardias atrasarem ainda mais o fim do programa da fase de desenvolvimento.
Segundo o memorando, o Joint Strike Fighter F-35 (JSF) tem deficiências significativas com suas armas, problemas de integração com o míssil ar-ar de curto alcance AIM-9X e bombas SDB e erros de software não resolvidos que comprometem a capacidade de combate do avião.
Desafios da integração de armas
No topo da lista de preocupações do DOT&E está o canhão de 25 milímetros da versão F-35A da Força Aérea, que será a principal arma do jato no apoio aéreo aos soldados no campo de batalha. Os testes realizados em maio revelaram que a portinhola que se abre quando a arma é disparada induz a uma guinada, ou desvio do nariz do avião, resultando em erros de pontaria. Alterações de software poderão ser necessárias para corrigir o problema.
Os testes com o canhão em casulo externo do F-35B e F-35C estão atrasados.
O DOT&E também está preocupado com os resultados dos testes feitos com o míssil AIM-9X, que revelaram “excessos de carga”, ou o excesso de estresse, na estrutura da asa da variante da Marinha F-35C durante pousos e certas manobras.
Os testes planejados com outras armas, como as SDB estão atrasados por causa dessas descobertas.
Problema de software ainda não resolvido
O problema de estabilidade no software Block 3i do F-35 que travava e obrigava o piloto a reinicializar o sistema em pleno voo ainda persiste, apesar da correção. Antes o problema ocorria a cada cinco horas de voo, agora na versão 3F ele ocorre a cada 9 horas.
Limitações do software Block 3i do USAF
Na configuração Block 3i os jatos F-35A podem transportar apenas duas bombas e dois mísseis, e atualmente não têm capacidade de empregar o canhão de 25 mm, nem armas externas. Esta capacidade só virá quando for instalado o Block 3F.
Além disso, os F-35A não têm capacidade de designação de alvos para o apoio aéreo aproximado e outras missões, exigem comunicações de voz para verificar certas mensagens, e tem limitada capacidade de geolocalização, baseando-se em fontes externas para localizar ameaças e adquirir alvos.
Finalmente, os jatos com o Block 3i tem capacidade de visão noturna limitada, como os capacetes Generation III de US$ 400 mil, que ainda estão enfrentando problemas com o vazamento de luz e “cor verde” que obscurece a visão dos pilotos durante os voos noturnos muito escuros.
O DOT&E também apontou deficiências na fusão de dados dos sensores no Block 3i, guerra eletrônica, datalinks e interfaces avião-piloto “que terão impacto sobre a eficácia da missão e adequação em combate.”
Aeronaves de teste podem não ficar prontas a tempo
O JPO (Joint Program Office) do F-35 precisa de um certo número de aeronaves de testes operacionais representativas de produção, adaptadas com todas as modificações feitas desde que o programa de desenvolvimento começou, para o IOT&E (Initial Operational Test and Evaluation). Mas o planejamento atual do programa para a prontificação desses jatos mostra que as modificações não serão concluídas até fevereiro de 2020, três anos depois do cronograma que definia o início do IOT&E para agosto de 2017.
O JPO está considerando ações destinadas a acelerar este cronograma, mas ainda tem de chegar a um acordo com os serviços militares dos EUA e colocar um plano em contrato.
O risco é que o financiamento do programa de testes pode acabar antes do esforço de desenvolvimento. Se isso ocorrer, será necessário um financiamento adicional para completar os testes.
FONTE: aviationweek.com