Nota de falecimento – comandante Nilton Miguel Ajuz
Faleceu no dia 25 de julho o comandante Nilton Miguel Ajuz que voou P-47 na FAB e posteriormente P-51, P-38 e Mosquito na Força Aérea da República Dominicana. Foi por muitos anos comandante da VASP, terminando no Boeing 727. Posteriormente foi instrutor de simulador de 727 e 747 da VARIG.
Sua história foi contada no livro “A Serviço do Generalíssimo”, de Hélio Higuchi. Ajuz faleceu aos 88 anos em seu barco no Iate Clube do Rio de Janeiro, onde chegou a ser Comodoro.
Ele foi dos personagens de uma história pouco conhecida no Brasil. Terminada a segunda Guerra Mundial, a FAB liberou centenas de pilotos, destes, um grupo de uns dez — Ajuz entre eles — foi contratado entre 1948-1950 para treinar a Força Aérea Dominicana em plena ditadura de Rafael Trujillo (1891-1961).
O SUFOCO DE AJUZ
“Além de difícil, o treinamento nos EUA podia ser perigoso. Ajuz foi um dos que escapou por pouco. Era um vôo com uma esquadrilha de quatro aviões. Ajuz era o “número 2” e Guimarães, o “4”. “Pegou fogo no motor do avião de Ajuz. A torre disse apenas, ‘fica a seu julgamento’. Ele subiu na vertical, uns 500, 600 pés, então o avião parou. Ele saltou, a própria explosão e a alta velocidade do avião ajudaram a abrir o pára-quedas. Achei que ele tinha morrido, mas depois vi o turco meio chamuscado. Foi de um sangue-frio incrível”, declara Guimarães, que não se lembra de ter visto, em sua carreira de aviador, nenhum outro caso semelhante de decisão tão rápida e precisa. Detalhe importante: Guimarães voou por 51 anos antes de se aposentar recentemente.
Quase meio século depois, Ajuz ainda guarda de lembrança o pára-quedas salvador, coberto de óleo, tão próxima foi a explosão. Nunca se esqueceu da data do acidente: 14 de janeiro de 1947. “A torre disse, tem um avião pegando fogo. É muito fogo, salte. Saí fora da formação. Eu falei, ‘vou retornar’, a torre disse que era tarde”. Antes de saltar, ele viu que o painel registrava cerca de 300 milhas por hora de velocidade. O pouso foi instantâneo.
Depois de atendido pelos médicos, Ajuz foi chamado pelo coronel comandante, poucas horas após o acidente. Recebeu ordem para voar em seguida. Ajuz foi, já estava sentado no novo avião, quando o comandante abortou o voo. Era apenas um teste para ver se ele se acovardava.” – Texto retirado das páginas da Revista Força Aérea
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COLABOROU: Alexandre Manderbach